Etanol no Brasil vira pedra no sapato para montadoras de carros elétricos
De acordo com análises de mercado recentes, a pequena presença de carros elétricos rodando pelas ruas do Brasil é resultado da popularidade do etanol no país.
O etanol foi a solução que o Brasil encontrou para reduzir as emissões de gases poluentes, mas, agora, também é o que desacelera a migração para carros elétricos.
Desde o seu surgimento — há cerca de 20 anos –, os veículos “total flex” se tornaram dominantes no Brasil. Eles correspondem por mais de 80% das vendas de junho deste ano, por exemplo. No mesmo período, carros elétricos correspondiam a 0,5% do total.
De acordo com Eder Vieito, analista de commodities da Green Pool, o Brasil será o último entre os países de sua dimensão a mudar para carros elétricos. E isso é “por causa do Etanol”, revelou ele ao Bloomberg.
A adoção lenta de carros elétricos no Brasil não é por acaso. Grandes montadoras, autoridades governamentais e a indústria da cana de açúcar querem continuar com o uso do etanol.
As ações em torno disso incluem menores impostos que a gasolina, incentivos governamentais e, consequentemente, menos incentivos para a criação de uma infraestrutura compatível com os carros elétricos.
Além disso, o preço dos veículos elétricos no Brasil não é acessível para a população. O modelo mais barato custa na faixa de R$ 140 mil — o dobro do modelo mais barato total flex.
A mudança, portanto, representa um desafio econômico para o Brasil. Isso porque o país é o maior produtor de cana de açúcar do mundo, e o agronegócio representa um quarto do PIB brasileiro.
Por isso, a maioria das montadoras no Brasil continuam com o etanol, embora os modelos híbridos comecem a ser uma alternativa para o país.