Os EUA deram sinal verde para alimentos geneticamente modificados
Por quase dois anos, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) tem dado ok para plantações que foram geneticamente projetadas usando a CRISPR. Editar o DNA de pessoas e animais pode ser controverso, mas quando o assunto são plantas, a agência adotou a posição de que plantações com CRISPR não seriam alvo de uma regulação especial sob uma condição: as plantas editadas geneticamente não poderiam incluir nenhum tipo de material genético estranho.
Nesta semana, o USDA tornou oficial sua posição. “Com esta abordagem, o USDA espera permitir inovação quando não há risco presente”, afirmou Sonny Perdue, secretário de Agricultura dos Estados Unidos, em um comunicado. Em termos simples, a edição genética pode alterar algumas características dos alimentos, como torná-los mais protéicos ou mais resistentes.
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A lógica aqui é a seguinte: você pode alterar a genética de plantas através de técnicas clássicas de reprodução como o cruzamento. Assim, enquanto os cientistas estão aprimorando as plantas de forma que hipoteticamente poderiam ter sido alcançadas por meio mais tradicionais — como eliminar o gene de uma planta ou inserir um de uma planta que foi cruzada com ele — não há risco de saúde aos consumidores comparado com outros métodos de reprodução. A alteração genética via CRISPR só é mais rápida e mais direta para obter o mesmo resultado.
Desde a década de 90. o USDA tem regulado quais plantações geneticamente modificadas podem ir ao mercado, não só por causa da apreensão das possíveis causas em humanos, mas pelo temor que DNAs estranhos possam acidentalmente causar danos ao meio ambiente. Um cogumelo que teve apenas um de seus genes deletados não representa uma ameaça, segundo essa nova filosofia do departamento.
A abordagem do USDA contrasta com a do FDA (Food and Drug Admininstration) com animais geneticamente alterados. No ano passado, a agência disse que gostaria de regular qualquer animal cujo genoma foi intencionalmente alterado como uma “droga animal”, independente de como ele foi editado ou qual o propósito.
“O USDA não regula ou tem qualquer plano de regular plantas que poderiam ter sido desenvolvidas por outras técnicas de reprodução, desde que não sejam pestes ou desenvolvidas em pesticidas”, afirmou a agência em um comunicado. “O mais novo desses métodos, como a edição de genoma, expande o crescimento tradicional de plantas porque eles podem introduzir novas características à planta mais rapidamente e com precisão, potencialmente salvando anos ou mesmo décadas de necessidade de crescimento em novas variedades necessárias para os agricultores.”
Com este pensamento, a agência já deu o ok para uma série de plantações que usaram a técnica de modificação genética CRISPR, incluindo uma de champignon modificado geneticamente para não ser ficar marrom tão rápido e Camelina sativa, uma importante oleaginosas que foi geneticamente modificada usando CRISPR para produzir um óleo rico em ômega-3.
Em entrevista à Nature em janeiro, o CEO da Yield10 Bioscience, que desenvolveu a camelina, disse que a falta de regulação poderia acabar com dezenas de milhões de dólares investidos no seu produto. Se a companhia tivesse passado pelo processo regulatório clássico do USDA, disse, eles teriam levado pelo menos seis e gasto de US$ 30 milhões a US$ 50 milhões para testar e coletar os dados necessários para levar a colheita para o mercado.
Nenhuma dessas colheitas editadas geneticamente chegaram aos supermercados, no entanto, com essa confirmação do USDA, em breve estará disponível nos Estados Unidos.
Imagem do topo por Dawn Endico/Flickr