Ciência

Explosão de estrela destruiu parte da camada de ozônio da Terra em 2022

Esta é a primeira vez que cientistas provam que explosões de estrelas podem afetar a camada de ozônio e ameaçar a vida na Terra
Imagem: NASA's Goddard Space Flight Center / ESA / Hubble / L. Calcada

Você pode até não ter sentido, mas, em outubro do ano passado, a Terra foi atingida por uma supernova que explodiu a 1,9 bilhão de anos-luz de distância do nosso planeta. A rajada de raios gama da explosão que chegou na Terra foi forte o suficiente para danificar a nossa camada de ozônio. A revelação desse fenômeno foi feita nesta semana em um estudo publicado na revista Nature.

O ozônio é essencial para a vida na Terra. Ele é capaz de filtrar a perigosa radiação ultravioleta do tipo B (UV-B) do Sol e de outras estrelas, nociva aos seres vivos. Por isso, a descoberta mostra o quão frágil é a proteção do nosso planeta e como uma explosão dessas pode afetar a vida no planeta.

Para estudar os efeitos da explosão de raios gama do ano passado na Terra, os cientistas procuraram sinais dos impactos da explosão no topo da ionosfera, a camada da alta atmosfera, a partir de dados de um satélite sismo-eletromagnético chinês.

Com isso, eles identificaram um salto no campo elétrico no topo da ionosfera há cerca de um ano. Isso é algo que se relaciona com o sinal de uma explosão de raios gama medido pelo Laboratório Internacional de Astrofísica da ESA (Agência Espacial Europeia).

Perigo invisível para a camada de ozônio

Após analisar os dados, os pesquisadores fizeram uma descoberta interessante. O campo elétrico aumentou à medida que os raios gama ionizaram as moléculas de ozônio e nitrogênio no alto da atmosfera. Uma vez ionizada, a camada de ozônio é incapaz de absorver qualquer radiação ultravioleta. Ou seja, a supernova conseguiu expor temporariamente a Terra a raios nocivos do Sol, além de outras fontes de radiação cósmica.

Apesar de teorizado antes, esta é a primeira vez que os cientistas provam que explosões cósmicas podem afetar a ionosfera. De acordo com o astrônomo do Instituto Nacional de Astrofísica de Roma e um dos autores do artigo, Pietro Ubertini, se a supernova tivesse acontecido mais perto da Terra, poderia ter causado um evento catastrófico.

Uma violenta e próxima explosão de raios gama poderia ser capaz de destruir a camada de ozônio estratosférico durante vários anos. Isso poderia causar, por exemplo, a extinção generalizada de múltiplas espécies de animais e plantas – para não mencionar os danos que poderia causar para a humanidade como um todo.

“Felizmente para nós, esta explosão de raios gama estava extremamente distante. Tornando os seus efeitos mais uma curiosidade científica do que uma ameaça”, disse Ubertini ao New York Times.

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Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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