Órgão americano autoriza “sangue” em hambúrguer de proteína vegetal de startup
A startup do Vale do Silício por trás do hambúrguer de proteína vegetal Impossible Burger parece ter escapado das preocupações que a Food and Drug Administration (órgão norte-americano responsável por fiscalizar, entre outras coisas, produtos alimentícios) poderia ter sobre um ingrediente potencialmente inseguro.
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Há um ano, o jornal The New York Times revelou, com documentos obtidos por meio de uma lei de acesso à informação, que grupos de interesses mostraram que um ingrediente dos produtos tinha sido sinalizado pela FDA.
O ingrediente em questão é a leg-hemoglobina de soja. Ela é uma proteína encontrada na raiz da soja e é o que dá ao Impossible Burger sua textura “sangrenta”, de carne. A empresa dedicou anos de desenvolvimento e milhões de dólares para fazer um hambúrguer de proteína vegetal que tivesse realmente cara de hambúrguer. Entre os investidores, estão a Khosla Ventures, a Google Ventures e até mesmo Bill Gates.
A reportagem do New York Times do ano passado mostrava que a Impossible Burger queria que a FDA determinasse que a leg-hemoglobina de soja era segura para o consumo humano. Entretanto, a agência federal, dizem os relatórios, mostrou preocupação com o potencial de o produto ser um alérgeno que jamais deveria ser consumido.
“A FDA acredita que os argumentos apresentados, individualmente e coletivamente, não estabelecem a segurança da leg-hemoglobina de soja para o consumo, nem apontam para o reconhecimento de sua segurança”, diz um memorando da FDA de 2015.
Este relatório não significa que a FDA acha que o alimento é inseguro, muito menos impede a Impossible Foods de vender o hambúrguer. Como aponta o Ars Technica, leis de 1938 e 1958 autorizam as empresas a fazerem seus próprios testes para determinar se uma comida merece o selo GRAS (Generally Recognized As Safe, ou, em tradução livre, geralmente reconhecido como seguro). A empresa, portanto, não precisa da aprovação da FDA. O órgão só intervém se vê questões preocupantes.
De qualquer forma, a matéria do New York Times foi bastante prejudicial à reputação da empresa. O jornal afirma que a Impossible Foods planejava reenviar uma petição.
Na segunda-feira (23), a empresa de alimentos publicou uma carta enviada pela FDA como resposta ao requerimento feito em agosto do ano passado. O pedido incluía um documento de 1.063 páginas de provas que o Impossible Burger é GRAS. Na carta, a FDA diz que não questiona os achados da empresa, mas também afirma explicitamente que sua resposta “não é uma afirmação de que a preparação com leg-hemoglobina de soja é GRAS”.
A Impossible Foods viu a resposta como uma boa notícia. “Uma carta sem questionamentos é, na nossa opinião, uma validação do trabalho feito por nossos cientistas para que o Impossible Burger seja uma comida segura e sustentável”, diz Rachel Konrad, porta-voz da empresa. “Nós enxergamos isso como uma grande vitória para a Impossible Foods — e também para a ciência, para a indústria alimentícia, para a população e para o planeta.”
Se você estava preocupado, já pode comer o Impossible Burger, que está disponível majoritariamente nos EUA, com mais tranquilidade e paz de espírito.
[Ars Technica, Impossible Foods]
Imagem do topo: Impossible Foods