Febre maculosa: por que é preciso evitar interação com capivaras

A doença é causada por bactérias transmitida por carrapatos que se alojam na pelagem dos roedores – e podem se fixar em nossa pele. Entenda
capivaras no parque barigui em curitiba
Imagem: Bill Machado/Flickr/Reprodução

O número de óbitos por febre maculosa no estado de São Paulo já chegou a seis neste ano, além de 12 casos confirmados, segundo o Instituto Adolfo Lutz. A febre é causada por bactérias do gênero Rickettsia e marca presença no noticiário desde que se identificou um surto da doença infecciosa na cidade de Campinas (SP).

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As bactérias não infectam humanos diretamente nem são transmitidas de pessoa para pessoa. Mas elas pegam carona nos carrapatos – principalmente no carrapato-estrela (Amblyomma cajennense), o vetor mais comum da doença no Brasil. Se um deles está infectado e gruda na pele por pelo menos quatro horas, as bactérias pulam para o hospedeiro humano.

Por isso, quem mora em áreas rurais ou visita locais de mata silvestre precisa adotar uma série de medidas para se proteger dos carrapatos. Uma delas é resistir ao impulso de se aproximar de capivaras: os grandes e simpáticos roedores, também presentes em margens de lagos e rios em centros urbanos, são famosos por alojar carrapatos-estrela em sua pelagem.

Quando um carrapato infectado por bactérias causadoras da febre maculosa gruda na pele de uma capivara para se alimentar do seu sangue, ele transmite estes micro-organismos para a corrente sanguínea do roedor. A capivara torna-se, então, a hospedeira das bactérias.

Estes agentes infectantes podem permanecer na corrente sanguínea das capivaras por até três semanas. Durante este período, carrapatos que estão livres das bactérias da febre maculosa podem se contaminar ao se alimentar do sangue da capivara infectada. E assim estes seres microscópicos se espalham por aí.

A febre maculosa é como uma catapora para as capivaras: elas se infectam apenas uma vez na vida. Também não apresentam sintomas da doença e costumam resistir bem à infecção – o que dá mais tempo para os carrapatos acidentalmente adquirirem a bactéria em contato com o roedor.

Observe que este é o ciclo na natureza: bactéria-carrapato-capivara. Embora carrapatos saudáveis também possam se infectar com o sangue de pessoas contaminadas, nós somos um mero desvio na vida destes micro-organismos – coisa nada conveniente para nossa saúde, dada a alta letalidade da febre maculosa.

Por isso, não marque bobeira: não acaricie, abrace ou se aproxime demais das capivaras. Admire-as de longe para não correr o risco de adquirir um carrapato infectado – eles também transmitem outras doenças perigosas, como a de Lyme. Lembre-se também que elas são os maiores roedores do mundo e podem ser perigosas caso se sentirem ameaçadas.

A recomendação, claro, vale para todos os animais silvestres: eles não estão habituados com a presença humana como seus pets e animais de fazenda que passaram por milhares de anos de domesticação. Estabelecer contato com eles pode estressá-los e engatilhar comportamentos agressivos de defesa. E claro: nada de persegui-los ou capturá-los. Estas são práticas reconhecidas como crime pela legislação brasileira.

Saiba nesta página do Ibama o que fazer ao encontrar um animal silvestre e confira nesta matéria do Giz Brasil outras dicas para se proteger dos carrapatos transmissores da febre maculosa.

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