É muito comum a humanidade se vangloriar de suas próprias realizações tecnológicas ao longo das últimas décadas. A internet, por exemplo, uma intrincada e conectada rede global de computadores, é apontada como um gigantesco feito, principalmente, por revolucionar a forma como nos comunicamos em escala planetária.
Entretanto, enquanto a internet como a conhecemos tem meros 50 anos, o reino animal já conta com suas próprias redes de telecomunicação há centenas de milhões de anos. Pelo menos, é o que afirma Justin E. H. Smith, um professor americano-canadense de história e filosofia, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos.
Smith está lançando neste mês o livro “The Internet Is Not What You Think It Is: A History, a Philosophy, a Warning” (“A Internet não é o que você pensa que é: uma história, uma filosofia, um aviso”, em tradução livre).
Nele, o autor relata como a “internet” existe há muito mais tempo do que costumamos pensar.
Internet antiga
Em um ensaio publicado na Wired, ele cita as várias maneiras que o reino animal vem utilizando há milhões de anos para se comunicar, desde o pisar de um elefante que envia uma vibração característica para parentes a vários quilômetros de distância; os cliques de um cachalote se comunicando com outras baleias do outro lado do mundo; e até plantas que utilizam rizobactérias transportadas pelo ar para enviar informações químicas a seus coespecíficos.
No livro, o autor aproveita para fazer uma reflexão se as telecomunicações dependem necessariamente de um aparato tecnológico, ou se ela é um produto evolucionário da nossa própria consciência. Ele desconstrói o conceito de telecomunicação, filosofando se ao nos comunicar verbalmente, mesmo que a curtas distâncias, também não seria uma forma de “internet” sem fio.
Smith vai além e levanta a questão se a telecomunicação pode existir em diversas formas, inclusive em seres vivos que não são “conscientes”.
“Se a web de todas as coisas é tão estreitamente tecida, então a própria natureza, independentemente das ferramentas que desenvolvemos para canalizá-la ou aproveitá-la, já possui o potencial de transmissão quase instantânea de um sinal de um lugar para outro”, explica Smith.
“É exatamente esse tipo de transmissão que nossa comunicação sem fio realiza hoje. Mas não precisávamos da ‘prova de conceito’ que finalmente chegou apenas nas últimas décadas para sentir a força da convicção de que ela deve, de alguma forma, existir”, conclui.
O livro (em inglês) de Smith está atualmente em pré-venda no site da Amazon, mas ainda não há uma previsão para o lançamento em português.