Ciência

Fogão a gás libera mais aerossóis que escapamento de carro, diz estudo

Pesquisa analisou qualidade do ar em ambiente interno de uma casa e descobriu que fogão a gás também é prejudicial à saúde respiratória
Imagem: Unsplash/ Reprodução

Um novo estudo publicado na revista PNAS Nexus indicou que a quantidade de nanopartículas de gás liberadas quando uma pessoa utiliza um fogão é maior que aquela de um escapamento de carro.

“A combustão continua sendo uma fonte de poluição do ar em todo o mundo, tanto em ambientes fechados quanto ao ar livre”, alerta Brandon Boor, que liderou o estudo.

Entenda a pesquisa

Para simular o ambiente dentro de uma casa, pesquisadores utilizaram o laboratório da Universidade de Purdue, nos EUA, chamado zEDGE (Orientação para Design de Energia Zero para Engenheiros, na sigla em inglês).

Ele é como uma casa muito pequena, mas além das características de um lar típico, possui também sensores que monitoram a qualidade do ar. Além deste equipamento, os cientistas também utilizaram um magnificador de tamanho de partícula de alta resolução, que fornece informações sobre nanopartículas de aerossol.

Dessa forma, pesquisadores fizeram testes com o fogão a gás. Ferveram água durante 20 minutos, prepararam sanduíches de queijo e também cozinharam panquecas. Ao final do experimento, eles descobriram que havia cerca de 10 quatrilhões de nanopartículas aerossóis de gás no ambiente.

Para comparação, este volume é de 10 a 100 vezes maior que o liberado pelo escapamento de um carro. 

Quais as consequências

Em geral, essas substâncias possuem de um a três nanômetros de tamanho, ou seja, são pequenas o suficiente para invadir as vias aéreas de uma pessoa. 

De acordo com os modelos testados no estudo, de 10 bilhões a 1 trilhão dessas partículas podem se depositar nas cavidades do nariz, na laringe, na faringe e na região traqueobrônquica dos pulmões. 

Essas doses seriam ainda maiores para crianças, já que quanto menor o humano, mais concentrada a quantidade. Como resultado, o uso do fogão a gás poderia ser uma dos fatores que desencadeiam problemas respiratórios.

Estudos anteriores já haviam indicado que crianças que vivem em casas com fogões a gás têm mais probabilidade de desenvolver asma. Contudo, a pesquisa feita analisava apenas partículas maiores. 

“Depois de observar concentrações tão altas de aerossol de nanocluster durante o cozimento a gás, não podemos mais ignorar essas partículas em tamanho nano”, explica Boor.

Agora, os pesquisadores pretendem analisar se outras medidas podem diminuir o nível desses aerossóis. Por exemplo, o uso de um sistema exaustor, a popular coifa, durante preparações no fogão.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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