Ciência

Fumaça de queimadas aumenta risco de transtornos mentais em jovens

Poluição do ar aumenta sintomas de depressão e ansiedade nos mais jovens, revela estudo com crianças de 9 a 11 anos
Imagem: Jonny Caspari/Unsplash/Reprodução

Fumaças de incêndios florestais e poluição, como as que estão acontecendo no Brasil, aumentam o risco de transtornos mentais em pessoas mais jovens. A informação é do novo estudo da Universidade do Colorado em Boulder, nos EUA. A pesquisa está disponível no jornal acadêmico Environmental Health Perspectives.

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Assim como o Brasil, o sul da Califórnia também enfrenta incêndios que afetam cidades como Las Vegas, em Nevada, e partes do estado do Colorado. Embora partículas perigosas também possam vir do trânsito ou de indústrias, Colleen Reid, coautora e geógrafa do Instituto de Ciências Comportamentais da universidade, suspeita que a maioria das exposições no estudo se devam à fumaça dos incêndios.

Estudos mostram que finas partículas (PM) — materiais com menos de 2,5 micrômetros encontrados no ar poluído –, são pequenas o suficiente para atravessar a barreira hematoencefálica — que serve para proteger o sistema nervoso de substâncias tóxicas.

Dessa forma, pode inflamar tecidos, danificar células e desencadear alterações cerebrais agudas e de longo prazo. Mas, além de prejudicar a saúde dos pulmões e do coração, a poluição do ar pode impactar na cognição e no comportamento humano.

Anteriormente, cientistas já demonstraram que internações hospitalares por depressão, tentativas de suicídio e episódios psicóticos aumentam em adultos em dias de alta poluição. Além disso, bebês têm mais chances de ter déficits motores e deficiências cognitivas mais tarde na vida quando suas mães são expostas a altos níveis de partículas durante a gestação.

Entretanto, o novo estudo é um dos primeiros a analisar os potenciais impactos em pré-adolescentes.

Como foi feito o estudo?

A equipe do autor Harry Smolker, pesquisador do Instituto de Ciência Cognitiva da universidade, analisou dados de 10 mil pessoas de 9 a 11 anos. Eles são parte do Estudo de Desenvolvimento Cognitivo do Cérebro Adolescente, a maior pesquisa de longo prazo sobre desenvolvimento cerebral e saúde infantil nos Estados Unidos.

Os cientistas examinaram os endereços dos participantes e dados de qualidade do ar. Assim, eles determinaram quantos dias ao longo de 2016 os jovens ficaram expostos a níveis de PM acima de 35 microgramas por metro cúbico, considerado inseguro pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA.

Como resultado, cerca de um terço foi exposto a pelo menos um dia acima do padrão – um deles chegou a 173 dias. O nível mais alto de exposição relatado foi de 199 microgramas/m3, cinco vezes maior do que o nível seguro.

Analisando questionários de pais durante três anos, os pesquisadores descobriram que a exposição a níveis inseguros aumentava a probabilidade de sintomas de depressão, ansiedade e outros em jovens até um ano depois. Além disso, para cada dia de exposição, o risco aumentou em 0,01 ponto em média em uma escala de 1 a 50.

Isso aconteceu independente de fatores como gênero, raça, status socioeconômico e saúde mental dos pais. Além disso, alguns jovens também podem ter predisposição genética a serem mais vulneráveis ​​aos impactos cognitivos e comportamentais da poluição.

Por fim, Smolker destaca que as finas partículas é apenas um dos inúmeros poluentes da fumaça que afetam o desenvolvimento dos jovens. “Coletivamente, eles podem se somar”, disse.

Isabela Oliveira

Isabela Oliveira

Jornalista formada pela Unesp. Com passagem pelo site de turismo Mundo Viajar, já escreveu sobre cultura, celebridades, meio ambiente e de tudo um pouco. É entusiasta de moda, música e temas relacionados à mulher.

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