Ciência

Fumar faz o cérebro encolher de maneira irreversível, diz estudo

Cientistas encontraram relação entre o fumo e a perda de tecido do cérebro de forma acelerada, o que faz com que ele diminua. Confira mais desta descoberta
Imagem: Sabine R/ Unsplash/ Reprodução

Fumar favorece o desenvolvimento de diversos tipos de câncer, causa infertilidade, agrava problemas cardiovasculares e impacta transtornos psiquiátricos. E, além de tudo isso, segundo um novo estudo, o vício também faz o cérebro encolher.

“Até recentemente, os cientistas negligenciaram os efeitos do tabagismo no cérebro, em parte porque estávamos focados em todos os terríveis efeitos do fumo nos pulmões e no coração”, disse Laura Bierut, autora do estudo.

Porém, a nova pesquisa descobriu que fumar causa uma perda maior de tecido cerebral. E o dano é irreversível, porque mesmo depois de parar de fumar, o cérebro não volta ao seu tamanho original. Os resultados do estudo foram publicados na revista Biological Psychiatry.

Entenda a pesquisa

Para compreender se há uma relação entre o tabagismo e a aceleração da perda de volume cerebral, os pesquisadores analisaram dados de mais de 32 mil pessoas. As informações foram fornecidas pelo banco de dados UK Biobank, que disponibiliza material sobre saúde, comportamento e genética de indivíduos – em sua maioria, europeus. 

Desses dados, os pesquisadores utilizaram informações como predisposição genética para o tabagismo, histórico de fumo e exames de imagem que mediram o volume do cérebro. Assim, os cientistas puderam aplicar uma abordagem estatística conhecida como análise de mediação. Como resultado, descobriram a sequência de eventos que determina o futuro do cérebro de uma pessoa.

Segundo os resultados, a predisposição genética leva um indivíduo a fumar e se viciar no hábito. Como consequência, o tabagismo leva à diminuição do volume cerebral. De modo geral, o cérebro naturalmente perde volume conforme uma pessoa envelhece. No entanto, o hábito de fumar faz com que isso aconteça de maneira precoce. E a associação entre tabagismo e volume cerebral depende da dose: quanto mais maços uma pessoa fuma por dia, menor é o volume cerebral.

Irreversível e prejudicial

Ainda segundo o estudo, a redução parece ser irreversível. Isso porque, mesmo após deixar de fumar, o tecido cerebral de ex-fumantes não recuperou o volume. E essa diminuição é prejudicial às funções cognitivas.

“Uma redução no volume cerebral está em consonância com um envelhecimento aumentado. Isso é importante à medida que nossa população envelhece, porque o envelhecimento e o tabagismo são ambos fatores de risco para a demência”, explica Bierut.

Dessa forma, os resultados ajudam a explicar por que os fumantes têm um alto risco de declínio cognitivo relacionado à idade e doença de Alzheimer. Mas a boa notícia é que é possível conter a progressão dos danos: parar de fumar evita que o cérebro continue encolhendo.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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