Ciência

Snoop Dogg vai parar com cigarro: é possível recuperar pulmões após fumar por 40 anos?

Cantor Snoop Dogg fumava dezenas de cigarros de maconha por dia. Estudos indicam que pulmões têm alta capacidade de recuperação
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

A internet parou para comentar um post que o rapper americano Snoop Dogg fez nas redes sociais na última quinta-feira (16). Conhecido por consumir cerca de 150 cigarros de maconha por dia e por até ter uma funcionária dedicada apenas a enrolá-los, ele anunciou pelo Twitter que decidiu parar de fumar.

Depois de muita consideração e conversa com minha família, decidi parar de fumar. Por favor, respeite minha privacidade neste momento.

Snoop Dog via Twitter

A notícia chocou porque, segundo Renegade Piranha, a responsável por enrolar os cigarros de maconha do rapper, ele consumia aproximadamente meio quilo da erva por dia. Recentemente, em entrevista ao podcast “The Review”, ela estimou que já fez cerca de 450 mil cigarros para Snoop Dogg desde quando começou a trabalhar com o cantor, em 2016.

Para fazer isso, ela ganhava um salário entre US$ 40 mil e US$ 50 mil ao ano (aproximadamente de R$ 195 mil a R$ 243 mil, em conversão direta).

Contudo, dias depois, o rapper revelou que o anúncio não passava de uma estratégia de marketing. Também pelas redes sociais, ele publicou sobre uma parceria comercial com a empresa Solo Stove, que vende fogueiras elétricas com a promessa de que não deixam cheiro de fumaça. 

Dessa forma, o post inicial parece ter sido uma brincadeira com a palavra “smoke”, que em inglês designa o verbo fumar e também o substantivo fumaça.

Os danos aos pulmões – e ao corpo todo

De acordo com a FDA (Food and Drug Administration, agência reguladora que equivale à Anvisa nos EUA), cada baforada de fumaça de cigarro contém mais de 7 mil substâncias químicas tóxicas. Elas danificam os tecidos dos pulmões e estreitam as vias aéreas, prejudicando a absorção de oxigênio para as células.

Dessa forma, o hábito de fumar prejudica não apenas os pulmões, mas também órgãos do corpo todo, que dependem do oxigênio para o bom funcionamento. Sem ele, as pessoas enfrentam um risco maior de desenvolver doenças.

E não apenas o câncer de pulmão. O fumo também aumenta o risco de câncer da laringe (caixa vocal), traqueia, brônquios (via aérea para os pulmões) e orofaringe (parte de trás da boca).

Além de causar vários tipos de câncer, o fumo pode aumentar o risco de doenças cardíacas coronárias e derrame de duas a quatro vezes. Há também o perigo de desenvolver doenças que acometem os pulmões, como enfisema, doença pulmonar obstrutiva crônica — causada majoritariamente pelo cigarro.

Outras complicações relacionadas ao fumo incluem problemas de fertilidade, perda de dentes e diabetes, entre outros.

A mágica da auto regeneração

Felizmente, no momento em que uma pessoa para de fumar, o risco desses problemas diminui gradualmente. Isso porque as células pulmonares começam a se curar imediatamente. 

Cada organismo funciona de uma maneira. Dessa forma, o tempo necessário para que os pulmões se curem completamente varia de pessoa para pessoa. 

Até pouco tempo, pesquisadores consideravam que as mutações que levam ao câncer de pulmão eram consideradas permanentes e persistiam mesmo após parar de fumar. Assim, mesmo sem o tabagismo, uma pessoa que foi fumante ainda carregava consigo os riscos da doença, ainda que reduzidos.

Contudo, um estudo de 2020, publicado pela revista Nature, demonstrou que as poucas células que escapam do dano podem reparar os pulmões. De modo geral, isso aconteceu mesmo em pacientes que fumavam um maço por dia, por 40 anos, antes de parar.

Os pesquisadores descobriram que a pequena parcela de células que não teve seu DNA mutado pelas substâncias químicas do cigarro são aquelas que crescem, se reproduzem e substituem as que foram danificadas.

Assim, até 40% das células pulmonares de quem para de fumar parecem exatamente com as de pessoas que nunca fumaram.

Veja como evolui a recuperação do organismo após parar de fumar

De acordo com a FDA, os benefícios são notáveis após apenas 20 minutos depois do último cigarro. Confira abaixo.

20 minutos sem fumar –  A frequência cardíaca e a pressão sanguínea diminuem.

12 horas sem fumar – O nível de monóxido de carbono no sangue retorna a um nível normal. Assim, o fluxo de oxigênio aumenta.

2 semanas sem fumar – A função pulmonar melhora.

1 ano sem fumar – O risco de sofrer um ataque cardíaco diminui consideravelmente. Além disso, a tosse e a falta de ar diminuem, já que os pulmões se tornam mais eficientes na limpeza para reduzir o risco de infecção.

2 a 5 anos sem fumar – O risco de derrame pode reduzir ao nível de um não fumante.

Mais de 5 anos sem fumar – O risco de cânceres de garganta, boca, esôfago e bexiga diminui pela metade.

10 anos sem fumar – O risco de morrer por câncer de pulmão diminui pela metade.

Outros benefícios também são perceptíveis após abandonar o tabagismo: acontece a recuperação do olfato, os alimentos voltam a ser saborosos e há uma grande economia de dinheiro.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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