Ciência

Genes que tornaram pênis dos gorilas pequenos podem tornar homens inférteis

Estudo demonstrou que homens inférteis têm genes de reprodução semelhante a gorilas, que possuem sistema reprodutivo masculino de baixo funcionamento
Imagem: Valentin Jorel/ Unsplash/ Reprodução

De acordo com estudo publicado na revista eLife, homens com problemas de infertilidade podem ter genes semelhantes aos de gorilas que possuem um sistema reprodutivo masculino de baixo funcionamento. 

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Em geral, os gorilas compartilham ancestrais comuns com os humanos. No total, estima-se que 98% de seu DNA seja semelhante ao das pessoas.

Contudo, isso pode ser uma desvantagem no quesito reprodução. Os gorilas têm os menores pênis e testículos entre os grandes primatas. Também produzem uma quantidade baixa de esperma. 

Além disso, esses poucos espermatozoides ainda têm dificuldade em se locomover e se ligar aos óvulos. Isso acontece porque os gorilas seguem um sistema de acasalamento poligínico e o macho alfa tem acesso quase exclusivo às fêmeas de seu grupo. Dessa forma, seu esperma não compete com o de outros machos.

“Temos um conjunto de genes envolvidos na biologia do esperma e que apresentam assinaturas de mutações prejudiciais quando em gorilas. Podemos então olhar esses mesmos genes em homens inférteis e ver se eles têm mutações”, explica Vincent Lynch, autor principal do estudo.

Entenda a pesquisa

Primeiramente, os pesquisadores buscaram dados que contabilizaram mais de 13 mil genes de 261 mamíferos. Destes, 578 (ou 4,3%) mostraram assinaturas na linhagem dos gorilas. 

Então, testando alterações genéticas com essas assinaturas, mas aplicadas em moscas, os cientistas identificaram quais desses genes são cruciais para a função reprodutiva masculina.

Em seguida, os pesquisadores compararam os genes reprodutivos dos gorilas a um banco de dados genéticos com informações de mais de dois mil homens inférteis

No total, eles identificaram 109 genes relacionados à reprodução em gorilas que muitas vezes estão mutados quando presentes em homens inférteis. De acordo com os pesquisadores, provavelmente há ainda mais genes a serem identificados.

“Há apenas alguns anos, não havia sequências genômicas suficientes e poder computacional para realizar esse tipo de estudo. À medida que a ciência coleta mais dados genéticos, teremos uma melhor compreensão do porquê da infertilidade acontecer”, explicou Lynch.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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