Todos sabemos que iPhones são caros, então faz sentido que os aparelhos sejam alvo de golpistas e roubos. Há algum tempo, dois estudantes de engenharia no Oregon foram processados após conseguirem trocar iPhones falsos por originais, dando um prejuízo aproximado de US$ 900 mil para a Apple. Novos detalhes de uma reportagem do Quartz, no entanto, revelaram uma fraude que coloca essa última no bolso. Por sete anos, uma quadrilha baseada em Nova York roubou US$ 19 milhões em iPhones.
O esquema funcionava assim: golpistas se apresentavam como clientes legítimos, levando consigo identidades falsas e cartões de débito para as lojas de telefonia celular. Em seguida, eles pediam para atualizar seus telefones em contas existentes. Os fraudadores, então, mais uma vez representando clientes reais, “pagam” pelos novos telefones parcelando ao longo de vários meses na conta de uma vítima. No momento em que a fraude era notada, já era tarde demais.
O golpe foi revelado em uma denúncia recentemente aberta por procuradores federais dos EUA. Os documentos do tribunal revelam alguns detalhes impressionantes. Primeiramente, a fraude atingiu varejistas direcionados que abrangem 34 estados, embora não esteja claro quantos telefones foram roubados ou a quantidade de clientes afetados.
Os documentos também revelam que a quadrilha em si operava como se fosse um negócio mesmo, com uma hierarquia própria. Os líderes do grupo se identificavam como “top dogs”. Eles eram supostamente responsáveis por organizar e financiar viagens, além de vender iPhones roubados. Abaixo deles estavam as pessoas que lidavam com o roubo de identidades e criavam documentos falsos. Enquanto isso, outros trabalhavam como motoristas e pessoas que viajavam pelos Estados Unidos para comprá-los para, em seguida, mandá-los de volta para o Bronx.
Uma testemunha que cooperou com o caso disse que fez 18 viagens para a quadrilha e que ganhava cerca de US$ 100 por telefone roubado. A testemunha disse ainda que a organização fornecia uma identidade falsas e um cartão bancário, que seria usado como uma forma secundária de identificação.
A coisa toda começou a desmoronar, no entanto, em 2014 quando um funcionário de uma companhia de entrega notou que estava rolando algo suspeito. Primeiramente, um grande número de pacotes estava sendo pago com dinheiro, cheque ou cartão de crédito — o que significa que os remetentes não tinham um cadastro na empresa de entrega. Esses pacotes também foram enviados a uma taxa expressa nacional para os mesmos locais. E, enquanto todos os pacotes estavam vindo de fora do estado, todos eles tinham como endereço de retorno o estado de Nova York. O funcionário também estranhou um grande número de pacotes dos dois endereços em Nova York pagos da mesma forma indo para diferentes locais fora do estado.
Em algum momento no primeiro semestre de 2014, a denúncia detalha que a empresa de transporte abriu 39 pacotes e encontrou 253 smartphones que os investigadores descobriram posteriormente serem obtidos por meios fraudulentos. A empresa também encontrou quatro pacotes contendo dezenas de cartões de crédito e carteiras de motorista, além de outras formas de identificação falsa.
Até o momento, seis indivíduos foram acusados por fraude, conspiração para cometer fraude de correspondência e roubo de identidade. Segundo o Quartz, os acusados se declaram inocentes e estão atualmente livres de uma fiança de US$ 100 mil, mas aguardando julgamento. O Gizmodo entrou em contato com a Apple para comentar o caso, mas não recebeu uma resposta.
Embora a engenhosidade do trabalho chame a atenção, ela também ilustra que, quanto maior o golpe, maior a chance de ser pego. E nem precisa ser alguém da sua própria equipe para delatar — basta um funcionário esperto de uma empresa de transporte.