Google adota até cartilha interna de comunicação para não ser visto como monopólio

O site Markup obteve memorandos internos do Google, que datam no mínimo de 2019, com listas de palavras que os funcionários nunca deveriam usar para não criar problemas entre a empresa e os reguladores antitruste. Em vez de dizer “vamos arrancar a carne dos ossos do Yelp e jogar sua carcaça em nossos resultados de […]
Logo do Google aberto em um computador
Imagem: Loic Venance/AFP/Getty

O site Markup obteve memorandos internos do Google, que datam no mínimo de 2019, com listas de palavras que os funcionários nunca deveriam usar para não criar problemas entre a empresa e os reguladores antitruste.

Em vez de dizer “vamos arrancar a carne dos ossos do Yelp e jogar sua carcaça em nossos resultados de pesquisa“, por exemplo, os funcionários deveriam dizer que “os usuários escolhem nossos produtos e serviços porque nossos produtos e serviços são excelentes, não porque os forçamos a isso“.

“Suponha que cada documento que você gerar, incluindo e-mail, será visto pelos reguladores”, diz uma das “recomendações práticas” em um memorando obtido pelo Markup.

“Não pretendemos ‘esmagar’, ‘matar’, ‘ferir’, ‘bloquear’ ou fazer qualquer outra coisa que possa ser percebida como má ou injusta”, continua, acrescentando: “Em um episódio que ficou famoso, a Microsoft teve problemas quando um de seus funcionários ameaçou ‘cortar o suprimento de ar do Netscape’”.

Sufocar a concorrência, pelo menos metaforicamente, talvez esteja na lista de termos desencorajados pelo Google.

Você pode ser mau. Só não pode deixar isso na cara para ser processado. Por exemplo: “Market share” é um termo proibido, porque essa é uma frase que o FTC (Comissão Federal de Comércio dos EUA) está de olho; “Preferência do usuário pela Pesquisa Google” está liberado.

Esse documento, datado de agosto de 2019, teria sido distribuído internamente meses depois de UE aplicar uma terceira multa antitruste ao Google, elevando o total para cerca de US$ 9,6 bilhões.

O Wall Street Journal informou que o Departamento de Justiça dos EUA e os procuradores-gerais dos estados estão preparados para abrir processos antitruste contra o Google nos próximos meses, provavelmente por causa do domínio da empresa no setor de publicidade online.

Embora, infelizmente, uma boa parte da recente audiência antitruste do Congresso tenha se concentrado em viés contra conservadores, e-mails de campanhas de marketing indo parar no spam e algumas discussões sobre o uso de máscaras — distrações que infelizmente deixaram muitas mentiras serem ditas sem contestação ​​– o comitê analisou e-mails que confirmaram que os executivos do Google tinham tentado dominar os serviços de busca do MySpace, do Yelp e da Booking.com, e que a compra do YouTube foi, em parte, uma tentativa de eliminar o Yahoo.

Se você ainda está se perguntando por que Sundar Pichai sempre parece que está lendo um texto gerado por uma inteligência artificial do Google, agora você sabe: ele está seguindo a cartilha para não cavar sua própria cova legislativa.

O Gizmodo entrou em contato com o Google e atualizará este texto se recebermos uma resposta.

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