Tecnologia

Google recorre à Europa para acabar com a exclusividade do iMessage

Em carta à Comissão Europeia, Google e operadoras apontam que o iMessage se enquadra nos quesitos da Lei de Mercados Digitais
Imagem: Unsplash/Reprodução

O Google levou o combate à exclusividade do iMessage a outras frentes. Ao lado de operadoras europeias, a companhia pediu à União Europeia para que o mensageiro seja tratado como um “aplicativo principal”, seguindo as regras do bloco. Em caso de aprovação, a Apple terá que tornar a plataforma compatível com as demais.

O pedido é voltado ao iMessage, que está disponível nativamente no app Mensagens do iPhone e não funciona com aparelhos de outras marcas. Assim, as mensagens são enviadas dos dispositivos da Apple para Android como SMS.

Mas a restrição não se resume apenas à “bolha verde”, denunciando que o remetente não usa iPhone. Além de impedir o uso de recursos exclusivos, usuários de celulares Android recebem fotos com menos qualidade. A medida também impede o uso do RCS, um protocolo mais recente e mais seguro do que o SMS.

Agora, o Financial Times contou que o Google e as operadoras Deutsche Telekom, Orange, Telefónica e Vodafone enviaram uma carta para a Comissão Europeia apontando que o mensageiro se enquadra nos critérios da Lei de Mercados Digitais.

De acordo com a legislação aprovada em julho, as companhias precisam assegurar que as funcionalidades básicas dos serviços de mensagens são interoperáveis. Ou seja, precisa ser compatível e funcionar adequadamente em outras plataformas.

iMessage no iPhone (Imagem: Reprodução/Apple)

iMessage no iPhone (Imagem: Reprodução/Apple)

iMessage: Apple é investigada na Europa

O pedido não é inesperado. Afinal, a Comissão Europeia já estava investigando a Apple para saber se o iMessage deve fazer parte da lista de plataformas que devem ser enquadradas na nova legislação.

O movimento do Google, portanto, dá um pequeno empurrão para que os legisladores da Europa derrubem, de fato, a exclusividade da plataforma.

Ainda de acordo com o periódico, a força-tarefa da comissão entende que o iMessage contribuiu, indiretamente, para a receita da Apple. Afinal, a plataforma vem pré-instalada e somente donos do iPhone, iPad ou Mac podem utilizá-la.

Mas esta não será uma disputa fácil. De acordo com documentos internos, a Apple declarou que o iMessage não se enquadra na legislação pois os usuários não pagam diretamente para usá-lo. A empresa também sustentou que é possível baixar outros mensageiros para conversar com quem não possui um iPhone.

Por outro lado, a Apple abriu mão do conector Lightning do iPhone depois que a União Europeia aprovou uma lei tornando o USB-C como um padrão da indústria.

Imagem: Priscilla Du Preez/Unsplash/Reprodução

Por que o Google quer o fim da exclusividade do iMessage?

Ainda que o brasileiro dê preferência ao WhatsApp, essa não é a realidade de todos os países. Em alguns lugares, como os Estados Unidos, a troca de mensagem de texto ainda é normal.

E é justamente aí que a Apple se destaca, pois o iMessage é utilizado pelo aplicativo de mensagens nativo do iPhone. Para usá-lo, é só enviar uma mensagem para outro smartphone com iOS. Depois, a “bolha verde” vai virar a tão desejada “bolha azul”, indicando que você está falando com quem possui um dispositivo da Apple.

Mas esta não é a realidade de todos os países. De acordo com os dados globais da StatCounter de outubro de 2023, sete em cada dez pessoas utilizam Android. O iOS, do iPhone, vem na sequência, com 29,64% de participação.

O Google também está correndo contra o relógio para implementar o RCS. Sucessor do SMS, o recurso utiliza padrões modernos, oferecendo mais segurança aos usuários. A compatibilidade do novo protocolo de comunicação também vai além do Android, permitindo que outros sistemas operacionais utilizem o recurso.

Bruno De Blasi

Bruno De Blasi

Jornalista especializado em tecnologia e carioca da gema. Já passou pelas redações do iHelp BR, Olhar Digital, Tecnoblog e TechTudo. É fã de música, cultura nerd e cinema. Nas horas vagas, está lendo, programando ou tocando baixo.

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