Um novo estudo encontrou uma relação entre uma alimentação rica em gordura e a deterioração da memória em idosos. Em análises in vitro e em camundongos, os pesquisadores perceberam produção excessiva de sinais cerebrais e inflamação nas células.
É a primeira vez que uma pesquisa faz essa observação separando os efeitos em cada tipo de célula. Os resultados foram publicados na revista Frontiers in Cellular Neuroscience.
Entenda a pesquisa
O estudo foi feito em duas etapas. Na primeira, os pesquisadores realizaram testes em células imortalizadas, que são cópias de células animais.
Elas são programadas para se dividir continuamente e responder apenas à estimulação em laboratório. Dessa forma, o comportamento não necessariamente é idêntico às células animais. Em geral, eles focaram nos impactos em dois tipos de células: os neurônios e as microglias.
Nesta etapa, os cientistas expuseram essas células ao ácido palmítico, que é muito presente em banha, gordura vegetal, carne e produtos lácteos. A gordura causou mudanças na expressão genética, aumentando a inflamação das microglias e dos neurônios.
Na segunda etapa do estudo, os pesquisadores examinaram os efeitos de uma dieta rica em gordura saturada em camundongos idosos.
Dessa forma, observaram que o excesso de gordura saturada influenciou em um processo bastante importante, chamado “poda sináptica”. Ele é feito pelas microglias, que monitoram a transmissão de sinais entre os neurônios e “comem” as sinapses em excesso.
De acordo com os pesquisadores, esse processo precisa ser ideal – nem muito e nem pouco. Mas quando os camundongos ingeriram muita gordura saturada, as microglias “comeram” as sinapses a uma velocidade muito mais rápida.
“Com essas microglias comendo demais muito cedo, elas superam a capacidade dessas espinhas de sinapses regenerarem e criarem novas conexões, então as memórias não se solidificam nem se tornam estáveis”, explicou Ruth Barrientos, autora do estudo.
O antídoto para a inflamação
Em um estudo anterior, o mesmo laboratório de pesquisa descobriu que uma dieta com ingredientes altamente processados leva a uma forte resposta inflamatória no cérebro. Em camundongos, por exemplo, isso trouxe sinais de perda de memória.
No entanto, já no estudo antigo, os pesquisadores utilizaram a suplementação de ômega-3 DHA e notaram que ela conseguiu prevenir esse problema. Isso porque o DHA ajuda a reduzir a inflamação induzida pela gordura nas células.
Na nova pesquisa, o resultado se repetiu e uma dose de DHA apresentou forte efeito protetor tanto para as microglias quanto para os neurônios.
O DHA é um dos dois ácidos graxos ômega-3. Ele está presente em peixes e frutos do mar, além de estar disponível na forma de suplemento.
Além disso, o pré-tratamento dessas células com uma dose de DHA, um dos dois ácidos graxos ômega-3 presentes em peixes e frutos do mar e disponível na forma de suplemento, teve um forte efeito protetor contra o aumento da inflamação em ambos os tipos de células.