Ciência

Gordura saturada pode interferir na criação de memória no cérebro envelhecido

Estudo identificou que dieta rica em gordura saturada interfere em processos importantes de células cerebrais, além de causar inflamação
Imagem: Jessika Arraes/ Pexels/ Reprodução

Um novo estudo encontrou uma relação entre uma alimentação rica em gordura e a  deterioração da memória em idosos. Em análises in vitro e em camundongos, os pesquisadores perceberam produção excessiva de sinais cerebrais e inflamação nas células.

É a primeira vez que uma pesquisa faz essa observação separando os efeitos em cada tipo de célula. Os resultados foram publicados na revista Frontiers in Cellular Neuroscience.

Entenda a pesquisa

O estudo foi feito em duas etapas. Na primeira, os pesquisadores realizaram testes em células imortalizadas, que são cópias de células animais. 

Elas são programadas para se dividir continuamente e responder apenas à estimulação em laboratório. Dessa forma, o comportamento não necessariamente é idêntico às células animais. Em geral, eles focaram nos impactos em dois tipos de células: os neurônios e as microglias. 

Nesta etapa, os cientistas expuseram essas células ao ácido palmítico, que é muito presente em banha, gordura vegetal, carne e produtos lácteos. A gordura causou mudanças na expressão genética, aumentando a inflamação das microglias e dos neurônios.

Na segunda etapa do estudo, os pesquisadores examinaram os efeitos de uma dieta rica em gordura saturada em camundongos idosos. 

Dessa forma, observaram que o excesso de gordura saturada influenciou em um processo bastante importante, chamado “poda sináptica”. Ele é feito pelas microglias, que  monitoram a transmissão de sinais entre os neurônios e “comem” as sinapses em excesso.

De acordo com os pesquisadores, esse processo precisa ser ideal – nem muito e nem pouco. Mas quando os camundongos ingeriram muita gordura saturada, as microglias “comeram” as sinapses a uma velocidade muito mais rápida. 

“Com essas microglias comendo demais muito cedo, elas superam a capacidade dessas espinhas de sinapses regenerarem e criarem novas conexões, então as memórias não se solidificam nem se tornam estáveis”, explicou Ruth Barrientos, autora do estudo.

O antídoto para a inflamação

Em um estudo anterior, o mesmo laboratório de pesquisa descobriu que uma dieta com ingredientes altamente processados leva a uma forte resposta inflamatória no cérebro. Em camundongos, por exemplo, isso trouxe sinais de perda de memória.

No entanto, já no estudo antigo, os pesquisadores utilizaram a suplementação de ômega-3 DHA e notaram que ela conseguiu prevenir esse problema. Isso porque o DHA ajuda a reduzir a inflamação induzida pela gordura nas células.

Na nova pesquisa, o resultado se repetiu e uma dose de DHA apresentou forte efeito protetor tanto para as microglias quanto para os neurônios.

O DHA é um dos dois ácidos graxos ômega-3. Ele está presente em peixes e frutos do mar, além de estar disponível na forma de suplemento.

Além disso, o pré-tratamento dessas células com uma dose de DHA, um dos dois ácidos graxos ômega-3 presentes em peixes e frutos do mar e disponível na forma de suplemento, teve um forte efeito protetor contra o aumento da inflamação em ambos os tipos de células.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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