Hormônio liberado pelos fetos está por trás do enjôo forte na gravidez
A maioria das mulheres sente enjoos em algum momento da gestação. Embora isso não seja agradável para nenhuma delas, para algumas pode ser muito pior.
Há casos de enjoos tão graves que as mulheres precisam ser hospitalizadas para hidratação e reposição de nutrientes. De modo geral, essa condição é chamada de hiperêmese gravídica.
Agora, pesquisadores identificaram que um hormônio liberado pelo crescimento de fetos pode ser responsável por esses enjoos fortes. De modo geral, o novo estudo indicou que as mulheres que são mais sensíveis a esse hormônio tendem a apresentar um quadro mais grave de vômitos e náuseas no início da gravidez.
Chave está no GDF15
De modo geral, o hormônio GDF15 é produzido naturalmente pelo organismo. No entanto, sua concentração é bem baixa. Ele está presente em órgãos como a próstata, bexiga e rins e tende a aumentar em quantidade em duas situações: quando uma pessoa ingere substâncias tóxicas ou quando está grávida.
Pesquisadores acreditam que esse mecanismo age com função protetora, a fim de evitar que um indivíduo se envenene. Contudo, mulheres que foram expostas apenas a níveis baixos de GDF15 têm maior sensibilidade aos efeitos do hormônio.
Assim, possuem também um risco maior de desenvolver náuseas e vômitos graves na gravidez. Isso porque, durante a gestação, o bebê crescendo no útero produz o GDF15 em níveis mais altos.
Agora, um estudo publicado na revista Nature testou essa hipótese. Cientistas dividiram seus ratos de laboratório em dois grupo. No primeiro, injetaram o hormônio, enquanto no segundo, injetaram placebo.
Depois de três dias, a equipe deu a todos os camundongos uma dose de GDF15. Como resultado, os animais que receberam o placebo comeram menos e perderam peso, o que indica que sofreram com enjoos. Já o grupo que recebeu pequenas doses do hormônio não teve grandes alterações no apetite e nem no peso.
Confirmando as descobertas da nova pesquisa, um estudo publicado em 2018 identificou que mulheres com uma variante do gene GDF15, que codifica o hormônio de mesmo nome, tinham níveis mais baixos dele no corpo.
Isso, por sua vez, fazia com que essa variante estivesse associada a um risco aumentado de uma pessoa desenvolver hiperêmese gravídica.
Possíveis tratamentos
Agora, pesquisadores acreditam que aumentar a tolerância das mulheres ao hormônio antes da gravidez pode ser a chave para prevenir os enjoos. Dessa forma, sugerem que elas recebam doses de GDF15 enquanto tentam engravidar, para dessensibilizar seus organismos.
Outra opção apresentada é a administração de anticorpos que bloqueiam os receptores do hormônio. Ao menos dois anticorpos já estão sendo testados em ensaios clínicos.
Contudo, cientistas alertam que pouco se sabe sobre o papel do GDF15 na gravidez. Dessa forma, novos estudos ainda precisam mapear se essas alternativas não terão efeitos colaterais.