Ciência

Identificado neurônio ligado ao controle de hormônios para fertilidade

Neurônios de kisspeptina são importantes para ovulação; descoberta desperta esperança para tratamentos de fertilidade
Imagem: TBIT/ Pixabay/ Reprodução

Cientistas japoneses descobriram que um tipo específico de neurônio afeta a liberação de hormônios essenciais para a reprodução humana. Segundo os pesquisadores, o novo estudo permitiu compreender o mecanismo pelo qual os neurônios de kisspeptina estão envolvidos com os hormônios que estimulam a ovulação.

Os resultados foram publicados na revista Scientific Reports e podem ajudar outros especialistas a compreender e tratar distúrbios reprodutivos em animais e humanos.

Entenda o contexto

De modo geral, já se sabia da relação desses neurônios com alguns receptores ligados aos hormônios sexuais. No entanto, como se dava essa conexão ainda não era algo totalmente compreendido.

Até agora, cientistas já haviam identificado que os neurônios de kisspeptina, localizados no cérebro, regulam a liberação de dois hormônios pela hipófise. O primeiro é a gonadotropina hipotalâmica (GnRH), enquanto o segundo é o hormônio folículo-estimulante e luteinizante (FSH e LH). 

São esses hormônios que estimulam os ovários a realizar suas funções reprodutivas em todos os mamíferos, incluindo os humanos. Por exemplo, eles desencadeiam o desenvolvimento folicular e a ovulação. Dessa forma, são muito importantes para a reprodução.

Contudo, todos esses componentes do organismo – neurônios, hormônios e receptores – funcionam em sincronia. 

Em geral, os neurônios de kisspeptina estão em duas áreas do cérebro. A primeira é o núcleo arqueado (ARC). Nele, essas células nervosas mantêm o desenvolvimento folicular normal e a produção regular de hormônios sexuais.

Já a segunda é a região cerebral chamada de núcleo periventricular anteroventral (AVPV). É ali que os neurônios de kisspeptina desencadeiam uma onda hormonal que leva à ovulação.

O que diz a pesquisa

Os pesquisadores se concentraram na relação desses elementos com uma substância inibitória, que é a dinorfina. Enquanto os neurônios do núcleo arqueado produzem e respondem à ela, os neurônios do núcleo AVPV expressam apenas o receptor, ou seja, apenas respondem. 

Para entender o papel disso na fertilização, os cientistas modificaram geneticamente ratas fêmeas. Nesse processo, eles excluíram o gene que codifica os neurônios de kisspeptina, mas  apenas aqueles que expressavam somente o receptor de dinorfina. 

Dessa forma, eles descobriram que as ratas geneticamente modificadas tinham apenas 3% dos neurônios de kisspeptina no ARC e 50% no AVPV. Como resultado, ainda que fossem férteis, elas tinham um período mais longo entre ovulações.

Além disso, o ovário era menos pesado e as ratas também tiveram menos filhotes que aquelas que não sofreram modificações. Segundo os pesquisadores, isso indica que os receptores de dinorfina são importantes para a reprodução normal, uma vez que permitem a produção adequada de hormônios e a ovulação.

Esperança para o futuro

“Este é o primeiro relato a mostrar que neurônios de kisspeptina que recebem entrada direta de dinorfina são necessários para gerar completamente o pulso e a onda de GnRH/LH em ratas fêmeas”, disse Hiroko Tsukamura, autora do estudo.

A partir desses resultados, mais estudos podem ser feitos na busca para compreender os mecanismos da reprodução. Com isso, também é possível investigar prováveis causas de infertilidade em humanos.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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