É primavera em uma era de rápidas mudanças climáticas, o que significa que a Rússia está sendo queimada por incêndios monstruosos. Mas em uma era de coronavírus, uma confluência de fatores tornou os incêndios ainda piores.
A Rússia teve um período difícil neste ano. Foi o inverno mais quente de todos os tempos, e Moscou basicamente nem viu a estação. O calor continuou na primavera, e agora o campo da Sibéria está pegando fogo. O ministro de Emergências, Yevgeny Zinichev, chamou a situação de “crítica”, segundo o Siberian Times.
Thomas Smith, geógrafo da London School of Economics, disse ao Gizmodo que existem aproximadamente 20 mil quilômetros quadrados de floresta e pastagem em chamas na Rússia. O maior deles está em uma área de 4 mil quilômetros quadrados. A título de comparação, o Distrito Federal do Brasil tem 5.800 quilômetros quadrados. As cidades foram atingidas pelo fogo, com centenas de estruturas destruídas e fumaça obstruindo o ar, dificultando a respiração. “Situação crítica” pode ser um eufemismo.
Muitos dos incêndios parecem ser causados por humanos, mas o calor extremo está acelerando as chamas. O calor do inverno significa que a neve desapareceu rapidamente, secando a vegetação e o solo. As condições ao longo de abril e maio também foram assustadoramente quentes. Nos últimos dias, as temperaturas atingiram 20°C acima do normal para esta época do ano, e o calor deve durar pelo menos na próxima semana.
Tudo isso é chocante e, infelizmente, é uma tendência. A floresta boreal que circunda a camada norte do mundo está queimando a uma velocidade nunca vista em 10 mil anos. O aumento da temperatura desempenhou um papel importante, secando as florestas e preparando-as para queimar, o que criou condições para os incêndios se espalharem. Isso libera dióxido de carbono, aquecendo ainda mais o planeta e levando a incêndios ainda maiores.
O coronavírus também pode estar piorando as coisas. O lockdown provavelmente está ajudando a acionar os incêndios. O bloqueio da Rússia começou com foco em Moscou no final de março. Desde então, se espalhou para o resto do país e foi prorrogado até 11 de maio. Muitos moradores da cidade foram para o campo para ter mais espaço e ignoraram as regras de segurança contra incêndio, de acordo com a reportagem do Siberian Times. A desaceleração econômica também está tornando mais difícil reunir recursos para combater as chamas.
O que está acontecendo na Sibéria é uma prévia do que está por vir em outras partes do mundo. A estação seca da Amazônia está prestes a começar e pode ser pior que a perigosa temporada de incêndios do ano passado. No oeste da América do Norte, a estação de incêndios florestais também está chegando. Para a Califórnia em particular, os desafios podem ser graves depois de o estado ter recebido apenas metade de sua precipitação normal durante o inverno. A mudança climática está complicando a temporada de incêndios lá, e o coronavírus só deixará a situação ainda pior.