Ciência

Incêndios florestais transformaram 30% do Pantanal em cinzas em 2020

Estudo de maior precisão do INPE mensurou o tamanho da destruição do fogo e pode ajudar nas estimativas de emissão de gases no Pantanal
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

Três anos depois dos incêndios devastadores no Pantanal, pesquisadores conseguiram mensurar o tamanho da destruição causada pelo evento. No total, o fogo danificou cerca de 30% da porção brasileira do bioma, o que consiste em aproximadamente 45 mil quilômetros quadrados.

A estimativa foi apresentada em um artigo publicado na revista Fire. Segundo a pesquisa, a área é muito maior do que se pensava – cálculos anteriores acreditavam que o dano atingiu de 14 mil a 36 mil quilômetros quadrados.

Entenda o contexto

O Pantanal brasileiro é a maior planície alagável do mundo e, com isso, é também um ponto onde há grande biodiversidade. Geralmente, a região fica sob água durante a estação chuvosa, que se estende aproximadamente de outubro a maio.

Já a estação seca costuma começar em junho ou julho. Neste período, incêndios se tornaram comuns, atingindo o pico em setembro. No entanto, o padrão mudou em 2019, com o início de uma seca prolongada que piorou em 2020.

Neste período, o Pantanal atingiu a mais baixa precipitação anual desde os anos 1980, que foi 26% menor do que a média entre 1982 e 2020.

Como resultado, a área queimada total foi 200% maior do que a média de longo prazo. Por isso, morreram cerca de 16 milhões animais pequenos e 944 mil grandes.

Como cientistas chegaram a este número

O estudo foi liderado por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Eles construíram um modelo que atingiu precisão de 96% e utilizou como base imagens de satélite do satélite SENTINEL-2, da Agência Espacial Europeia.

“O modelo que desenvolvemos está disponível para qualquer pessoa interessada, assim como os dados coletados no exercício de validação. Acreditamos que podem ajudar os pesquisadores envolvidos em projetos futuros”, disse Guilherme Mataveli, autor do estudo.

Os pesquisadores alertam para a previsão de que a seca seja cada vez mais frequente, e, portanto, os episódios de incêndio também.

Agora, os resultados ajudarão a melhorar as estimativas de gases associados à queima de biomassa durante os incêndios. 

Assim, a descoberta também é importante porque destaca a necessidade de ações de prevenção e combate ao fogo no local. Principalmente em um ano que o Brasil enfrenta um El Niño de alta intensidade, o que pode tornar algumas áreas do Pantanal mais secas.

O INPE detectou 381 incêndios no bioma entre 1º de janeiro e 23 de agosto de 2023.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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