Pesquisadores usam inteligência artificial para separar teorias da conspiração de fatos reais
Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) criaram um modelo para distinguir teorias de conspiração de fatos verdadeiramente reais que, no futuro, vai permitir que robôs e tecnologias online consigam diferenciar assuntos falsos daquilo que é realmente verídico.
O projeto, criado por Timothy R. Tangherlini, Shadi Shahsavari, Behnam Shahbazi, Ehsan Ebrahimzadeh e Vwani Roychowdhury, analisa múltiplos temas, incluindo narrativas “geradas pelo usuário”, como Pizzagate, Qanon e até os Illuminati. Depois, o projeto compara esses tópicos com narrativas reais que pareciam conspirações.
O processo divide as histórias em pedaços separados e avalia os chamados “atuantes” – os humanos, objetos ou lugares envolvidos em uma história. A narrativa pode ser uma série de postagens em um fórum ou blog, ou um monte de dados do Twitter.
Os pesquisadores descobriram que as narrativas da teoria da conspiração são frequentemente instáveis e podem ser separadas facilmente porque o número de atuantes verdadeiros é menor. Além disso, as teorias da conspiração costumam perdem coerência à medida que novas informações são adicionadas, fortalecendo notícias e fatos reais.
“Este relatório alimenta a rede central com mais evidências, resultando em uma rede mais densa ao longo do tempo. As teorias da conspiração, em contraste, podem se formar rapidamente. Uma vez que a única evidência para apoiar qualquer um dos atuantes e relacionamentos vem dos próprios contadores de histórias, sugerimos que a estrutura de rede de uma teoria da conspiração se estabiliza rapidamente”, escreveram os pesquisadores.
Em outras palavras, uma vez que a teoria da conspiração se forma, ela rapidamente se concentra em algumas figuras importantes – por exemplo, Donald Trump ou um monstro lagarto -, mas nunca se torna mais complexa. As conspirações reais, por sua vez, crescem e se tornam mais densas em termos de informações com o tempo.
“Então, uma narrativa real, quando submetida a esse processo, tende a criar uma rede difícil de se dividir em partes conectadas menores, já que todas elas fazem parte de alguma outra comunidade preexistente. Portanto, excluir pessoas e seus relacionamentos não quebra ou divide o gráfico narrativo”, disse Tangherlini. “Para algo como uma teoria da conspiração – um relato fictício – é muito fácil fragmentar o gráfico, já que um ou dois atuantes e/ou relacionamentos fornecem a liga que junta as partes não conectadas da estrutura”, completou.
Outro ponto destacado no projeto é que as teorias da conspiração podem ficar mais densas com o tempo, mas não da mesma maneira. “Infelizmente, é muito fácil criar esses links (assim como é muito fácil mostrar que são falsos. Uma vez que há pessoas suficientes ativando essas conexões em sua narrativa, as informações conspiratórias ganham força na estrutura narrativa”, afirmou.
Os pesquisadores acreditam que fóruns e empresas de mídia social podem usar isso para alertar os usuários sobre possíveis notícias falsas. Agora, a equipe está trabalhando em uma maneira de automatizar o processo de descoberta de fatos verdadeiros.