Ciência

James Webb descobre “cauda de gato” no sistema planetário Beta Pictoris

NASA revelou imagem registrada por infravermelho de James Webb; descoberta indica que Beta Pictoris pode ser mais ativo que o imaginado
Imagem: NASA, ESA, CSA, STScI, C. Stark and K. Lawson (NASA GSFC), J. Kammerer (ESO), and M. Perrin (STScI)./ Reprodução

Mais uma vez, o Telescópio Especial James Webb registra características inéditas de astros utilizando sua câmera de infravermelho. A descoberta da vez foi uma nuvem de poeira em formato de “cauda de gato” no sistema planetário Beta Pictoris.

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As imagens e descobertas dessa pesquisa feita com o James Webb foram apresentadas recentemente, na 243ª reunião da Sociedade Astronômica Americana.

Beta Pictoris

Jovem, Beta Pic está localizado a apenas 63 anos-luz de distância e já foi muito estudado, mas ainda intriga cientistas. Até agora, pesquisadores já haviam encontrado dois discos de poeira na estrutura, resultantes de colisões entre asteroides e cometas.

Um dos discos de detritos está em torno de uma estrela e é externo. Já o segundo é interno e está mais inclinado em relação ao primeiro. A “cauda de gato” feita de poeira se estende próxima ao disco secundário.

James Webb descobre "cauda de gato" no sistema planetário Beta Pictoris

(Imagem: NASA, ESA, CSA, STScI, C. Stark and K. Lawson (NASA GSFC), J. Kammerer (ESO), and M. Perrin (STScI)./ Reprodução)

De acordo com os astrônomos, a tecnologia do James Webb foi essencial para identificar a estrutura. Ainda, revelou diferenças de temperatura entre os discos e a cauda. 

“Não esperávamos que Webb revelasse que há dois tipos diferentes de material ao redor de Beta Pic, mas o MIRI claramente nos mostrou que o material do disco secundário e da cauda de gato é mais quente que o disco principal”, disse Christopher Stark, co-autor do estudo

Segundo os cientistas, isso provavelmente acontece devido a diferenças na composição de cada estrutura. Em geral, aquelas em que a poeira é mais quente podem ser feitas de material orgânico semelhante ao que é encontrado nas superfícies de cometas e asteroides em nosso sistema solar.

Origem da “cauda de gato”

Embora a descoberta tenha animado astrônomos, também levantou dúvida. O formato de “cauda de gato” da poeira encontrada em Beta Pictoris é diferente do que é visto em discos ao redor de outras estrelas. Mas por que?

De acordo com pesquisadores, a provável resposta é a data de formação da estrutura. Os cientistas acreditam que a “cauda de gato” é o resultado de um evento de produção de poeira que ocorreu apenas cem anos atrás.

Por exemplo, uma colisão pode ter causado a produção de tanta poeira. Então, esse material se espalha de maneira peculiar. 

“No início, ela segue na mesma direção orbital de sua fonte, mas depois começa a se espalhar. A luz da estrela empurra as partículas de poeira mais pequenas e fofas para longe mais rapidamente, enquanto os grãos maiores não se movem tanto, criando um longo fio de poeira”, explica Marshall Perrin, também autor do estudo.

A ideia de que um evento de produção de poeira que ocorreu recentemente também poderia explicar dois outros fatos. O primeiro é a assimetria recém-descoberta do disco interno de Beta Pic.

Já a segunda é o aglomerado de monóxido de carbono localizado perto da “cauda de gato”. Em geral, a radiação da estrela deveria decompor o elemento em aproximadamente cem anos. Segundo os pesquisadores, isso mostra que o sistema planetário Beta Pictoris pode ser ainda mais ativo do que pensavam anteriormente.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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