Cientistas avaliam o impacto do foguete de Jeff Bezos na atmosfera

Cientistas avaliam um dos lançamentos "mais limpos" no quesito de emissão de CO2.
Imagem: Blue Origin/Divulgação
Imagem: Blue Origin/Divulgação

Bilionário, filantropo e agora viajante do espaço — esse é Jeff Bezos. Na manhã desta terça-feira (20), a viagem com o foguete New Shepard da Blue Origin, empresa do magnata, foi ao espaço com um dos lançamentos “mais limpos” no quesito emissão de gases como o dióxido de carbono (CO2), segundo fontes ouvidas pela Live Science

Darin Toohey, cientista atmosférico da Universidade do Colorado, em Boulder, disse à publicação que as principais emissões seriam água e alguns produtos de combustão menores que o CO2, que por sua vez terá uma emissão baixíssima. 

Apesar do empenho para diminuir a emissão de gases de efeito estufa, e até mesmo o  projeto ambiental bilionário de Bezos, o lançamento de foguetes ainda não conta com uma energia totalmente verde, e alguns impactos climáticos e ambientais estão em análise

Mas afinal, do que é feita a energia de um foguete? Para que ele consiga fazer movimentos no espaço, as espaçonaves contam com uma substância chamada propelente. Ela é uma mistura de combustível, que é queimado, e um comburente, que por sua vez fornece oxigênio para a reação. Vale lembrar que não tem oxigênio no espaço.

De acordo com o site Everyday Astronaut, uma boa parte dos foguetes utilizam vapor de água, CO2, fuligem e óxido de alumínio. Para se ter uma ideia, a poluição de dióxido de carbono de voos espaciais é insignificante, com foguetes sendo responsáveis ​​por menos de 1% de todas as emissões de CO2 em 2018. E contrariando os voos tradicionais, o Shepard utilizou algo com hidrogênio líquido e oxigênio líquido em seu motor para gerar empuxo — a força contrária que faz o foguete subir. 

Você deve estar se perguntando: se a emissão de gases poluentes é baixa, por que tanta preocupação? À medida que o foguete sobe, a água presente no escapamento aumenta a quantidade de nuvens na atmosfera, e esses gigantes carregados de água têm impacto em outras camadas, como mesosfera e ionosfera. Todavia, um artigo publicado na American Geophysical Union explica que esse impacto acontece de acordo com a quantidade de lançamentos que, segundo os cientistas, é baixo no momento.

Ainda assim, enquanto as nuvens e o gelo presentes refletem o calor de volta para o espaço, o vapor da água é um gás tão ou até mais poluente que o CO2, e os especialistas explicam que, quanto mais tempo esse vapor permanecer na atmosfera, maior será o impacto no aquecimento da Terra.

Florian Kordina, que escreveu o artigo do Everyday Astronaut e foi ouvido pela Live Science, disse que “o vapor de água nas partes mais altas da atmosfera não é completamente inofensivo”. Apesar disso, ele destaca que o voo curto do Shepard não seria suficiente para manter tanta água na atmosfera. Segundo Toohey, as partículas com fuligem e óxidos de alumínio são as maiores preocupações quando se trata de lançamentos ao espaço, pois uma pequena quantidade pode fazer uma grande diferença.

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Ele sabe disso porque, em 2010, juntamente com dois pesquisadores, Toohey calculou os efeitos da fuligem de mil voos por ano. Eles descobriram que as temperaturas nos polos da Terra poderiam aumentar 1 grau, além de derreter geleiras com um impacto de 5 a 15%. Mas, em contrapartida do próprio estudo, Toohey admite que a viagem de Bezos ao espaço “pode estar entre os combustíveis mais limpos nesse contexto”.

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