O motivo que fez a NASA mandar John Glenn para o espaço quando tinha 77 anos de idade

Com a morte de John Glenn ontem (8), não nos recordamos dele apenas por ser o primeiro americano a orbitar a Terra, mas também o mais velho.

Com a morte de John Glenn ontem (8), aos 95 anos, não nos recordamos dele apenas por ser o primeiro americano a orbitar a Terra, mas também o mais velho. A NASA o enviou para o Espaço aos 77 anos de idade e a viagem foi histórica para o avanço científico.

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Durante a década de 1990, quando John Glenn era senador por Ohio (e membro do Comitê Especial do Senado para o Envelhecimento), ele pediu à NASA para viajar novamente. A agência espacial concordou, o treinou e o enviou na missão STS-95 a bordo do ônibus espacial Discovery.

equipe-stsOs sete membros da equipe no treinamento para a missão STS-95 a bordo da Discovery. Da esquerda para a direita estão Pedro Duque, Curtis Brown, Chiaki Nauto-Mukai, John H. Glenn Jr., Stephen Robinson, Steven Lindsey e Scott Parazynski. (Imagem: NASA/JPL)

Glenn foi enviado como Especialista de carga da missão, mas o verdadeiro objetivo de enviar um veterano de 77 anos para o espaço era observar como o corpo de um idoso se comportaria por lá e como a velhice poderia se relacionar com os efeitos prejudiciais da gravidade zero no corpo humano.

Voo conturbrado

O lançamento no dia 29 de outubro de 1998 teve um início conturbado. A contagem regressiva parou aos nove minutos antes do lançamento e ficou assim por oito minutos, enquanto a equipe discutia a situação de um alarme ouvido durante as verificações da cabine depois que a escotilha foi fechada.

Depois, a contagem regressiva parou novamente faltando 5 minutos para o lançamento devido ao voo não autorizado de uma aeronave, no espaço aéreo restrito perto Kennedy Space Center. Tudo voltou quando a aeronave foi embora, mas depois que o motor principal começou a funcionar, e imediatamente antes da ignição do propulsor principal, uma porta do compartimento do paraquedas caiu. A equipe decidiu que não representava nenhum risco para a missão e decidiu prosseguir com o plano original.

Experimentos

Como o ônibus espacial chegou na órbita baixa da Terra, Glenn estava de volta ao espaço após 36 anos, oito meses e nove dias depois de se tornar o primeiro americano a chegar lá.

Os principais objetivos da missão incluíam a realização de mais de 80 experimentos científicos, conduzir testes no módulo pressurizado SPACEHAB, recuperar a carga do Spartan, trabalhar com o telescópio espacial Hubble, e claro, fazer uma bateria de testes com Glenn.

john-glenn-missaoO especialista de carga da STS-95 John Glenn num armário no Discovery, (Imagem: NASA/JPL)

Os experimentos com Glenn eram focados em aprofundar nossos conhecimentos no processo de envelhecimento. Mesmo nos anos 1990, especialistas em envelhecimento perceberam semelhanças entre os efeitos da viagem espacial no corpo humano e as mudanças naturais que acontecem quando a pessoa fica mais velha.

Durante a missão, Glenn se tornou basicamente um rato de laboratório. “Por quatro dias, eu tive 21 orientações diferentes – ondas cerebrais, respiração e eletrocardiogramas – 21 parâmetros diferentes do meu corpo sendo gravados e mandados para a terra”, observou Glenn em 2011. Com a ajuda do especialista da missão Pedro Duque, a equipe conduziu testes para ver como a falta da gravidade afetava o equilíbrio e percepção de Glenn, a resposta do sistema imunológico, densidade muscular e óssea, metabolismo, fluxo sanguíneo e sono.

Graças a esses testes e missões espaciais seguintes, sabemos que o espaço é incrivelmente duro com o corpo humano. Ele afeta tudo, desde a massa muscular, passando pela densidade óssea, saúde cardíaca até a visão, para dar apenas alguns exemplos.

Quando a Discovery voltou para a Terra, nove dias depois do lançamento, a descida de Glenn foi perceptivelmente mais suave do que foi a décadas atrás. Em vez dos intensos 7 Gs sofridos durante a volta da Friendship 7, Glenn teve de lidar com “apenas” 3 Gs de força. Durante os nove dias da missão, ele orbitou a Terra 137 vezes, viajando 5,8 milhões de quilômetros.

[NASA I, II, III, IV]

Imagem do topo: NASA/JPL

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