Laboratório que fabrica a ivermectina diz não haver eficácia comprovada contra COVID-19
O laboratório farmacêutico Merck (MSD no Brasil), responsável pela fabricação da ivermectina, divulgou um comunicado nesta quinta-feira (4) informando que não há evidências que sustentem a eficácia da droga no combate à COVID-19.
Os cientistas da farmacêutica destacam que, apesar de continuarem examinando cuidadosamente todos os dados disponíveis sobre eficácia e segurança no uso do medicamento contra o novo coronavírus, análises mais recentes apontam que “não há evidência de eficácia clínica em pacientes” infectados com COVID-19.
A ivermectina é um vermífugo usado para promover a eliminação de parasitas do organismo, e tem sido amplamente veiculado a expressões como “Kit Covid” e “tratamento precoce” – ambas sem nenhuma base ou comprovação científica e, portanto, sem eficácia. O remédio também aparece nas falas do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que defendem o uso desses medicamentos sem comprovação por estudos científicos. Em janeiro, o próprio Ministério da Saúde lançou um aplicativo que recomendava o uso da droga. O app saiu do ar um dia depois.
Segundo a MSD, a análise identificou três pontos principais que mostram ineficácia do uso da ivermectina para combater a COVID-19. São eles:
- Não há nenhuma base científica para um potencial efeito terapêutico contra COVID-19 em estudos pré-clínicos;
- Não há nenhuma evidência significativa para atividade clínica ou eficácia clínica em pacientes com a doença;
- Faltam dados sobre segurança da substância na maioria dos estudos.
A companhia ainda declara o seguinte: “Não acreditamos que os dados disponíveis suportem a segurança e eficácia da ivermectina além das doses e populações indicadas nas informações de prescrição aprovadas pela agência reguladora”.
Como dito anteriormente, o medicamento é usado para tratar doenças causadas por parasitas, mas não para COVID-19. Além disso, a MSD lista possíveis efeitos adversos e limitações de uso para pacientes específicos, como gestantes, crianças com menos de 15 kg e pessoas a partir dos 65 anos de idade.
De acordo com um levantamento do G1, a venda da ivermectina aumentou 557% entre 2019, antes da pandemia, e 2020, quando a quarentena começou. Em julho do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já tinha alertado que o vermífugo não tinha eficácia comprovada cientificamente.
[Merck, G1, Folha de S. Paulo]