Mais vacinas de COVID-19 estão chegando e prometem eficácia contra as novas variantes
Ao mesmo tempo que vários países enfrentam a segunda ou terceira onda de COVID-19, também estamos adentrando na segunda leva de vacinas contra o novo coronavírus. E nesta semana temos resultados promissores com os imunizantes de mais algumas farmacêuticas.
Resultados de ensaios clínicos recentes das empresas Johnson & Johnson e Novavax sugerem que ambas as vacinas experimentais são altamente eficazes na prevenção de casos graves e hospitalização. No entanto, as descobertas também sugerem que as vacinas são menos eficazes contra uma variante do coronavírus com origem na África do Sul e que está se espalhando em outros lugares. Enquanto isso, a vacina da Universidade de Oxford em parceria com o laboratório AstraZeneca – e que recentemente começou a ser aplicada em grupos prioritários no Brasil – recebeu aprovação para uso de emergência na União Europeia.
Na última quinta-feira (28), a Novavax anunciou os resultados de seus testes no Reino Unido e na África do Sul. Na Fase 3 do estudo no Reino Unido, as primeiras análises indicam que a vacina é cerca de 89% eficaz na prevenção dos sintomas da infecção por coronavírus. E com um detalhe importante: essa porcentagem também parece ser eficaz contra a nova variante no país, apelidada de B.1.1.7, que agora é a dominante no país.
A Novavax também apresentou dados de um ensaio da Fase 2 na África do Sul, onde a variante mais transmissível B.1.351 está se espalhando amplamente. A vacina foi considerada 60% eficaz na prevenção de qualquer doença causada pelo vírus; em voluntários HIV-positivos, a eficácia foi de 49%. E quando estudaram os casos positivos de COVID-19 mais de perto, quase todas as infecções identificados foram causadas por essa mesma variante.
Na manhã desta sexta-feira (29), foi a vez da Johnson & Johnson anunciar os resultados do ensaio preliminar de sua vacina, que tem como principal característica o fato de ser aplicada em uma única dose – todas as vacinas aprovadas até então precisam de duas doses para alcançar a eficácia garantida pelos laboratórios. No geral, o imunizante demonstrou ser 66% eficaz na prevenção de casos moderados a graves causados pelo vírus, mas havia níveis variáveis de eficácia em diferentes partes do mundo. Nos EUA, a eficácia foi de 72%, mas na África do Sul caiu para 57%, o que provavelmente se deve à prevalência da variante B.1.351 no país.
Os resultados dos testes da Novavax e da J&J não são tão promissores quanto as vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna, as duas primeiras companhias a ganhar aprovação nos EUA e na Europa no final do ano passado. Ambas são baseadas em tecnologia de RNA mensageiro e mostraram cerca de 95% de eficácia contra o novo coronavírus, embora esses dados tenham sido obtidos antes do surgimento das novas variantes. Mas mesmo que essas vacinas de segunda onda sejam menos eficazes, isso não significa que não seriam ferramentas valiosas no combate à pandemia.
As vacinas da Novavax e da J&J podem ser armazenadas em temperaturas de geladeira padrão (entre 2,2 e 7,7 grau Celsius), ao contrário da vacina Pfizer, que requer temperaturas extremamente baixas, em média -70°C. A vacina da Moderna pode ser mantida em uma geladeira por até 30 dias, mas ainda é altamente sensível às mudanças de iluminação e temperatura quando entra em contato com o ambiente. As duas vacinas mais novas também devem ser mais baratas do que as vacinas de mRNA, o que provavelmente será um fator crucial para os países de baixa renda que enfrentam dificuldades para garantir vacinas suficientes para seus residentes. A vacina da J&J, sendo uma injeção única, também permitiria uma distribuição mais ampla e uniforme. Dito isso, há testes em andamento com uma formulação de duas doses, o que poderia mostrar que uma aplicação de reforço aumentará sua eficácia.
Talvez o mais importante é o fato de que essas vacinas provavelmente ainda são altamente eficazes na prevenção de casos graves e morte por COVID-19, mesmo por novas variantes do vírus. Os resultados da Novavax não encontraram nenhum caso grave entre as pessoas vacinadas que desenvolveram a doença. E o imunizante da J&J foi considerado 85% eficaz na prevenção geral de casos graves, enquanto nenhuma hospitalização e morte relacionadas ao vírus foram registradas no grupo vacinado 28 dias após a aplicação.
A vacina de duas doses da Universidade de Oxford e AstraZeneca demonstrou ser cerca de 60% eficaz na prevenção de casos no geral (alguns dados mistos mostraram que ela é mais eficaz com um regime de dosagem diferente, mas isso ainda é incerto). De todas as vacinas que chegaram ao estágio final de desenvolvimento, a candidata da Oxford/AstraZeneca é considerada a mais barata de produzir.
A Novavax já entrou com um pedido de autorização de uso emergencial no Reino Unido e deve fazer a mesma solicitação nos EUA. A J&J, por sua vez, deve fazer o pedido nos EUA no início de fevereiro, e uma decisão final pode chegar dentro de duas semanas. A vacina de Oxford/AstraZeneca não pode ser enviada para autorização nos EUA pelo menos até março por conta de acordos comerciais previamente estabelecidos. Por enquanto, nenhuma informação sobre o pedido emergencial das vacinas da Novavax e da J&J no Brasil.