Alan Turing nunca escreveu muito durante sua vida: por isso, seus manuscritos e diários são difíceis de encontrar. Em janeiro, foi posto em leilão um caderno de 56 páginas no qual Turing discutia “os fundamentos da ciência da computação”. Ele foi vendido por US$ 1.025.000.
A promessa da casa de leilão Bonhams era que o manuscrito seria vendido por um valor de “pelo menos sete dígitos”, o que realmente aconteceu. Parte disso será doada a instituições de caridade; a Bonhams não diz quanto.
Eles também não revelam quem comprou o misterioso caderno, mas dizem:
… este é quase certamente o único grande manuscrito de Turing ainda existente. A partir de provas internas, ele data de 1942, quando Turing trabalhava em Bletchley Park [onde funcionava a agência de espionagem britânica] para quebrar o código Enigma dos alemães, e oferece uma visão notável no processo de pensamento de um gênio.
Turing deixou todos os seus manuscritos para o colega matemático Robin Gandy, que os depositou em 1977 na King’s College: a universidade mantém o Turing Archive, cujo acesso é público. O matemático só ficou com um dos cadernos, que foi posto à venda este ano. (Gandy faleceu em 1995.)
Alan Turing é considerado o pai da ciência da computação e da inteligência artificial. Ele dá nome ao “Teste de Turing”, que avalia se uma máquina pode imitar com sucesso um ser humano em uma conversa.
Apesar de ter ajudado a combater os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, Turing foi obrigado pelo governo a tomar hormônios para se “curar” da homossexualidade – era isso ou ir preso. Ele cometeu suicídio em 1954. Seis décadas depois, ele finalmente recebeu o Perdão Real.
Sua história foi retratada – com algumas licenças artísticas – no filme O Jogo da Imitação, estrelando Benedict Cumberbatch e Keira Knightley. Ele é baseado na biografia Alan Turing: The Enigma (ainda sem tradução para o português), de Andrew Hodges, e ganhou o Oscar de melhor roteiro adaptado. [Bonhams]
Foto: AP Photo/Kin Cheung