Meta remove mais de 7 mil contas vinculadas a rede de operações secretas chinesa
A Meta revelou na terça-feira (29) que derrubou maior rede de operações secretas de influência do mundo, organizada pela China, que visava ampliar o alcance online dos interesses do país e difamar seus principais rivais, sobretudo os EUA.
De acordo com a Meta, a operação secreta não obteve êxito, apesar de afetar mais de sete mil contas no Facebook e no Instagram ligadas a agentes da China.
Além de suas plataformas, a Meta informou, em uma publicação no seu site, que a operação secreta também ocorre no YouTube, no TikTok, no Pinterest e no X, antigo Twitter. Segundo a Meta, a operação, conhecida como “Spamouflage” na comunidade de cibersegurança, existe desde 2019.
Táticas da operação secreta
Ainda segundo a Meta, a rede de operações secretas da China impulsionava comentários positivos sobre o país e era implementada por agentes espalhados por toda a China. Além disso, a maioria das contas que a empresa removeu eram bots, que usavam a tática de publicar em plataformas menores e tentar ampliar o conteúdo para grandes serviços.
Um exemplo dessa tática ocorreu em fevereiro, quando um artigo, publicado no Substack e em blogs pequenos, acusava os Estados Unidos derem responsáveis pelo bombardeio do gasoduto Nord Stream, que transportava gás natural da Rússia para a Europa.
Em menos de 24 horas, o artigo se expandiu para outras plataformas, incluindo Reddit, Facebook, Medium e YouTube. Além disso, traduções do artigo em alemão, grego, italiano e turco também apareceram na internet. No entanto, as publicações, geralmente, não tinham traduções para o português.
Bots do Brasil ajudaram operação secreta a fracassar
Curiosamente, a maioria dos seguidores das 954 páginas do Facebook que a Meta excluiu, derrubando a operação secreta da China, eram do Brasil.
Cerca de 560 mil perfis seguiam uma ou mais de uma dessas páginas, que, de acordo com a Meta, foram adquiridos por meio de spam. A maioria desses perfis era do Brasil, do Vietnã e de Bangladesh.
A Meta informa que nenhum desses três países são alvos da operação secreta da China, pois não são ‘rivais’ da nação.
“Não encontramos evidências de que essa operação obteve engajamento por contas reais. Na verdade, uma das táticas principais que percebemos foi a aquisição de páginas de spam, cujos seguidores eram perfis inautênticos que surgiram de ‘fazendas de engajamento falso’ ao redor do mundo, notavelmente do Vietnã, de Bangladesh e do Brasil”.
Tensão entre EUA e China pode aumentar
Contudo, a Meta revelou a operação secreta em um momento delicado nas relações entre China e EUA. Nesta semana, a Secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, está na China para debater com autoridades do país sobre suas relações comerciais.
Essa é a quarta vez que um membro do alto escalão do governo americano viaja à China em menos de três meses. Também é a segunda vez que uma empresa de tecnologia descobre operações maliciosas da China contra os EUA durante tais visitas.
Além disso, essa é a sétima vez que a Meta derruba uma operação secreta da China nos últimos seis anos. Das sete, quatro ocorreram no ano passado, de acordo com a empresa.