Quando se fala em panda, logo vem à mente a imagem de um urso peludo com manchas em preto e em branco, inclusive ao redor dos olhos. Embora essa seja a principal característica para a grande maioria desses animais, existe uma exceção que consegue ser tão fofa quanto: o panda marrom.
No total, só sete ursos como este foram documentados. Um deles se chama Qizai e vive no Centro de Reprodução e Proteção da Vida Selvagem de Louguantai, em Xi’An, na China. Os outros também só foram visto em terras chinesas, próximos à Cordilheira de Winling, e vivem soltos na natureza.
Agora, pesquisadores finalmente descobriram o que faz com que eles tenham a coloração diferente de outros pandas gigantes: uma alteração genética. Os resultados foram publicados na revista PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences).
Explicação genética
De acordo com estudos anteriores, os pandas marrons se separaram dos pandas gigantes há aproximadamente 300 mil anos.
Para entender exatamente quais as diferenças genéticas, os cientistas estudaram as informações genômicas de três famílias desses animais. Dessa forma, os participantes incluíam Qizai, seus pais, sua companheira e seu filhote.
Além deles, o estudo também contou com análise de amostras de Dandan, a primeira panda marrom a ser documentada na China, há quase quatro décadas, junto com seu companheiro e seu filhote. De todos, apenas Qizai e Dandan são pandas marrons.
Por fim, os cientistas também analisaram o genoma de outros 29 pandas preto e branco. Como resultado, descobriram que os dois tipos de animais são bastante diferentes entre si.
A principal diferença genética é, na verdade, a falta de alguns genes. Em geral, os pandas marrons não têm uma curta sequência de DNA em um gene chamado Bace2, que está relacionado à pigmentação.
Posteriormente, ao comparar os dados com o sequenciamento genético dos pandas preto e branco, nenhum apresentou essa modificação.
De acordo com os pesquisadores, os pandas marrons provavelmente são homozigotos para o Bace2. Isso significa que eles possuem dois alelos idênticos nesse gene.
Em ambos, falta o mesmo trecho de genes, que totalizam 25 pares de bases — ou simplesmente uma molécula de DNA. Aparentemente, isso leva a uma alteração nos melanossomas.
Em geral, os pesquisadores encontraram essas organelas responsáveis pela cor dos pelos e da pele em menor tamanho e quantidade nos pandas marrons.
Avanço na ciência
Para confirmar a descoberta, os cientistas realizaram ainda um experimento com ratos de que eram geneticamente modificados para ter a mesma mutação dos pandas marrons. Ao final, todos eles também tinham pelagens de cor clara.
Porém, outros geneticistas comentaram o estudo para a revista Nature, afirmando que a informação de que a falta de um gene pode levar à mudança de cor é totalmente nova do ponto de vista genético.