Ciência

Movimento de placas tectônicas pode fazer o Tibete rachar ao meio

Descobertas desafiam a compreensão convencional de como a ciência entendia que as placas tectônicas funcionavam
Imagem: WikiCommons/Reprodução

A cordilheira do Himalaia, nascida da colisão das placas tectônicas indiana e euro-asiática, sempre fascinaram os cientistas. No entanto, pesquisas recentes sugerem que esse espetáculo geológico não está apenas moldando picos imponentes, mas também pode estar rasgando o Tibete de maneira inesperada.

A colisão teve início cerca de 60 milhões de anos atrás. A Placa Indiana, então uma ilha isolada, colidiu com a Eurásia, dando origem à cordilheira mais alta do mundo.

O movimento dessas placas continentais tem intrigado os cientistas. Os debates se concentram em se a Placa Indiana está deslizando horizontalmente sob o Tibete ou se está afundando na astenosfera — a zona superior do manto terrestre .

Agora, uma nova análise apresentada na conferência da American Geophysical Union de dezembro de 2023 sugere uma terceira possibilidade. O estudo propõe que parte da Placa Indiana está passando por um processo chamado “delaminação” ao deslizar sob a placa euro-asiática.

Isso envolve a parte densa inferior se desprendendo da seção superior, acompanhada por evidências de uma fratura vertical na fronteira entre a placa separada e sua contraparte intacta.

Embora já soubéssemos que os Himalaias estavam crescendo, essas novas descobertas sugerem que o Tibete será dividido no processo.

As descobertas também desafiam a compreensão convencional, conforme observou Douwe van Hinsbergen, geodinamicista da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, em um artigo para a revista Science.

“Não sabíamos que os continentes poderiam se comportar dessa maneira, e isso é, para a ciência sólida da Terra, bastante fundamental”. Essa descoberta oferece uma nova perspectiva sobre a formação do Himalaia e pode aprimorar nossa compreensão dos riscos sísmicos na região, relatam os cientistas.

Dinâmica das placas tectônicas da Terra

A pesquisa, liderada pelo geofísico Simon Klemperer da Universidade de Stanford, nos EUA, conta com o apoio de diversas linhas de evidência.

Medições isotópicas de hélio em nascentes tibetanas indicam uma fronteira distinta, ao sul da qual a Placa Indiana permanece intacta, enquanto ao norte, surgem assinaturas mantélicas, sugerindo um possível desprendimento da placa.

Dados sísmicos corroboram ainda mais essa narrativa, com ondas sísmicas revelando uma ruptura na crosta da Placa Indiana.

O estudo propõe que essa ruptura pode influenciar os riscos sísmicos no Tibete, especialmente ao redor da falha Cona-Sangri, adicionando uma camada de complexidade à nossa compreensão das colisões continentais.

Embora as incertezas persistam, a pesquisa marca um passo significativo à frente das descobertas sobre o futuro do planeta. A colisão no Himalaia não apenas molda a paisagem do nosso planeta, mas também oferece uma visão da história complexa e dinâmica das placas tectônicas da Terra.

Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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