Mudanças climáticas influenciaram ascensão e queda do Império Tibetano

Império ocupou até 4,6 milhões de km² e abrigou mais de 10 milhões de pessoas. Seu colapso, no ano 840, coincide com mudanças climáticas
Mudanças climáticas influenciaram ascensão e queda do Império Tibetano
Imagem: Peiqi Zhang/UC Davis/Reprodução

O antigo Império Tibetano, na Ásia central, ascendeu e minguou de acordo com as mudanças climáticas entre os anos 600 e 800 d.C. A conclusão é de um estudo publicado no Science Bulletin por pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências, da Universidade Lanzhou, na China, e da Universidade da Califórnia em San Diego, nos EUA.

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O Império Tibetano, centrado no planalto do Tibete, existiu por volta dos séculos 7 e 9. Em seu auge, no século 8, ele se expandiu por aproximadamente 4,6 milhões de km² e abrigou mais de 10 milhões de pessoas. Mas, então, o império caiu repentinamente. E uma das razões para isso, segundo o novo estudo, foi a mudança de um clima quente e úmido para um clima frio e árido.

Os pesquisadores concluíram isso investigando sedimentos varvados do lago Jiangcuo no planalto tibetano. Trata-se de sedimentos laminados que se depositam anualmente na base de lagos ou ambientes marinhos, e que dão pistas sobre as mudanças climáticas e ambientais que aconteceram no passado.

Ascensão e queda do Império

Eles analisaram amostras referentes aos últimos 2.000 anos e verificaram que o período entre os séculos 7 e 9 foi excepcionalmente quente e úmido. Os pesquisadores estudaram documentos históricos e descobriram que, neste intervalo, o Império Tibetano era o único regime unificado no planalto tibetano.

O clima quente teria contribuído para o aumento das chuvas na região, fortalecendo a agricultura e a pecuária. Os pesquisadores estimam que o cultivo de cevada aumentou 24,48% entre 660 a 800 d.C., por exemplo. E, em épocas de vacas gordas, o Império ganhava força para se expandir.

Entre o final do século 8 e meados do século 9, as chuvas diminuíram no planalto. Isso fez o cultivo de cevada diminuir em 10,88 milhões de hectares. Os pesquisadores apontam que, neste período, o Império Tibetano baixou a bola: ele tendia, claro, a buscar tréguas e alianças com outras potências quando estava com poucos recursos.

As mudanças climáticas, então, teriam influenciado estratégias militares, favorecido a ascensão e influenciado a queda do Império Tibetano. Segundo a equipe, o pico da seca verificado por meio das amostras geológicas, no ano 840, coincide com o colapso do império. 

“Hoje, com o aquecimento e a umidificação do planalto tibetano”, dizem os pesquisadores em comunicado, “estudar as interações homem-ambiente no passado tem implicações importantes para as respostas modernas às mudanças climáticas.”

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