Mudanças climáticas podem ter moldado as trombas dos primeiros elefantes
Um estudo publicado recentemente na revista científica eLife traz uma revelação fascinante sobre a evolução das trombas nos “elefantiformes longirostrinos”. Esses mamíferos semelhantes a elefantes viveram durante o Mioceno, entre 11 e 20 milhões de anos atrás.
Os pesquisadores da Universidade Huazhong, na China, utilizaram análises comparativas para reconstruir os comportamentos alimentares desses mamíferos extintos.
O estudo liderado pelo Chunxiao Li descobriu uma enorme diversidade na estrutura da mandíbula desses animais. As análises indicam que as mudanças climáticas globais desempenharam um papel fundamental na evolução dessas estruturas, com respostas adaptativas nos seus comportamentos alimentares desses animais.
As três famílias estudadas — Amebelodontidae, Choerolophodontidae e Gomphotheriidae — apresentaram variações distintas na estrutura da mandíbula e nas presas, revelando adaptações específicas aos seus ambientes.
Durante a transição climática do Mioceno Médio, que trouxe consigo secas regionais e expansão de ecossistemas mais abertos, observou-se uma extinção súbita na família Choerolophodontidae. Essa mudança ambiental também influenciou a evolução dos troncos, com o desenvolvimento da tromba enrolada e agarrada nos indivíduos da família Platybelodon, permitindo a sobrevivência deste grupo em ambientes mais abertos.
“Durante o Mioceno Inferior ao Médio, a família Gomphotheriidae floresceu em todo o norte da China”, disse Chunxiao ao ScienceDaily. Segundo o pesquisador, essas descobertas não apenas revelam a complexa interação entre as mudanças climáticas e a evolução morfológica dos elefantiformes, mas também lançam luz sobre por que os elefantes modernos são os únicos capazes de se alimentar usando a tromba.
Além disso, a pesquisa destaca a importância de abordagens interdisciplinares e métodos quantitativos na paleontologia para compreender a evolução dessas espécies extintas.
Co-evolução de mandíbulas e troncos dos elefantes
Os resultados deste estudo reforçam a ideia de uma co-evolução entre a mandíbula e o tronco em elefantiformes. A especialização na estrutura da mandíbula de cada grupo sugere adaptações específicas aos tipos de vegetação presentes em seus habitats.
Além disso, as diferenças nos estágios de evolução dos troncos indicam uma relação estreita entre a capacidade de alimentação e a forma do tronco.
Shi-Qi Wang, outro autor do estudo, conclui que as descobertas destacam as múltiplas eco-adaptações que contribuíram para a diversidade na estrutura mandibular dos proboscídeos. A longa mandíbula inicialmente serviu como principal órgão de alimentação, sendo crucial para o desenvolvimento subsequente da tromba.