Mulher é presa por operação multimilionária de lavagem de dinheiro envolvendo bitcoin
O bitcoin perdeu maior parte de seu valor (provavelmente inflacionado) nos últimos meses, mas ainda tem muito valor para agências das autoridades procurando por crimes financeiros para punir. O criminoso de criptomoedas mais recente a ser visado é a “Bitcoin Maven”, uma mulher de 50 anos de idade que comandava uma operação de troca de bitcoin por dinheiro.
• O Akon decidiu criar sua própria criptomoeda, e o nome não poderia ser outro: Akoin
• Pesquisadores concluem que preço do bitcoin foi inflacionado artificialmente
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou que Theresa Lynn Tetley, uma ex-corretora de ações e investidora de imóveis, foi sentenciada a 12 meses e um dia em uma prisão federal nesta semana por operar um negócio de transmissão de dinheiro sem licença e de lavagem de dinheiro. Ela também foi condenada a abrir mão de 40 bitcoins (avaliados em cerca de R$ 965 mil), US$ 292.264 em dinheiro e 25 barras de ouro, adquiridas por meio de seu negócio ilegal.
O esquema de Tetley, destacado pelo Ars Technica, envolvia oferecer bitcoin às pessoas em troca de dinheiro, o que, por si só, não parece exatamente um crime. Mas Tetley fez tudo às escondidas. Ela não registrou sua operação como um negócio de serviços de dinheiro e não ofereceu nenhum tipo de “mecanismo antilavagem de dinheiro”, segundo o Departamento de Justiça.
Maior parte das transações de Tetley foi feita pessoalmente, com dinheiro sendo oferecido pela moeda virtual. Ela propagandeava seu serviço por meio do site localbitcoins.com, que facilita tais trocas, onde ela postava sob o nome de “Bitcoin Maven”. De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, ela negociou entre US$ 6 milhões e US$ 9,5 milhões ao longo de vários anos.
A casa começou a cair para Tetley quando ela começou a, inadvertidamente, fazer negócio com um agente disfarçado do DEA (órgão de controle e repressão de drogas nos EUA). A agência começou a fechar o cerco em 2016, enganando-a por quase um ano enquanto construíam seu caso contra a criminosa.
O plano de derrubar Tetley incluía introduzir um segundo agente, fingindo ser namorado da primeira agente, para conduzir uma série de grandes transações com a Bitcoin Maven. Segundo o Ars Technica, em um momento, o namorado de mentira informou a Tetley que ele havia tido uma grande quantidade de “cocaína, metanfetamina e maconha” que havia sido “roubada” e que estava vendendo as drogas pelo bitcoin que ele estava negociando com ela. Tetley seguiu em frente com as trocas ainda assim, aparecendo em um momento com US$ 300 mil e duas sacolas de mercado para fazer a troca com o agente disfarçado.
“Oferecer dinheiro em envelopes (e nas quantias significativas que ela fez), em cafeterias e restaurantes, não é maneira de conduzir negócios legítimos, certamente quando esse volume excede os milhões”, escreveram os promotores em um memorando de sentença, segundo o Ars Technica. “Alguém como a ré — uma ex-corretora de ações e investidora imobiliária — estava certamente ciente disso.”
O que também não ajudou seu caso foi que Tetley também estava fazendo negócios com William James Farber, um homem que, acredita-se, é o chefe de um dos maiores mercados de drogas do antigo Alphabay. O Ars Technica apontou que Farber foi preso no ano passado e acusado de conspirar e por possuir e distribuir substâncias controladas.
Por seus dias como Bitcoin Maven, Tetley passará 366 dias atrás das grades em uma prisão federal. Seu estoque de bitcoins coletados de seu negócio, que agora pertencem ao governo, vale cerca de R$ 964 mil, na cotação atual — mas provavelmente valerá R$ 1,5 milhão, e então R$ 500 mil, para depois ir para R$ 964 mil até o fim da semana.
Imagem do topo: Getty