Ciência

Música ao vivo emociona mais que gravações, diz estudo

Em experimento, cientistas monitoraram o cérebro de pessoas que ouviam as mesmas canções em versões ao vivo e gravadas
Imagem: Anthony DELANOIX/ Unsplash/ Reprodução

Poucas sensações são tão boas quanto estar no show de sua banda favorita, ouvindo sua música preferida ao vivo. Agora, a ciência confirmou que isso não é apenas uma impressão de fã.

De acordo com um estudo publicado na revista PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences), ouvir canções ao vivo é mais emocionante do que ouvir uma gravação da mesma melodia, uma vez que desencadeia maior atividade na parte do cérebro ligada ao processamento de emoções.

Entenda a pesquisa

Para o experimento, os neurocientistas compuseram 12 peças musicais de cerca de 30 segundos. Metade delas tinham como objetivo causar emoções negativas, como tristeza e raiva, de forma que contaram com acordes menores. Em geral, elas também eram mais lentas.

Já outra metade das músicas, cujo objetivo era provocar sentimentos positivos, foi composta com arranjos mais harmoniosos e acordes maiores. Todas as canções foram reproduzidas em sua versão ao vivo, tocadas por uma pianista, e também em gravação.

No total, 27 pessoas participaram do experimento ouvindo as 12 músicas enquanto passavam por uma ressonância magnética de seus cérebros. Para evitar vieses, os cientistas tocavam as composições em ordem aleatória, com um breve intervalo entre elas.

Como resultado, os pesquisadores notaram que as canções ao vivo aumentaram a atividade de uma região do cérebro chamada amígdala esquerda. Ela é responsável pela atribuição de estímulos sensoriais a certas emoções. 

Isso aconteceu com todas as canções apresentadas ao vivo – tanto as positivas quanto as negativas.

Somando esses dados às análises dos participantes sobre o quão emotiva era cada melodia, os cientistas concluíram que a música ao vivo intensifica a resposta emocional dos ouvintes. 

As possibilidades do ao vivo

De acordo com o estudo, os cientistas orientaram o pianista a adaptar o volume e a velocidade da peça caso necessário. Por exemplo, se um participante tinha pouca atividade cerebral em resposta a uma música, ele poderia tocar mais alto.

“A música gravada não se adapta à forma como um ouvinte está respondendo, mas os pianistas ao vivo muitas vezes adaptam a música à audiência para obter a melhor resposta deles”, explica Sascha Frühholz, autora do estudo.

Além desse fator, os pesquisadores também acreditam que a experiência social de estar em um concerto também exerce um papel importante nas emoções que uma canção ao vivo proporciona.

Por isso, eles pretendem avançar mais um passo na pesquisa do tema, repetindo o experimento com um público maior, em um ambiente de shows.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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