NASA e pesquisa do Alzheimer: quanto os EUA gastam com ciência
Os EUA acabam de aprovar um novo pacote de gastos de US$ 1,7 trilhão (sim, trilhão) e, com ele, alteram os investimentos em ciência, pesquisa espacial e saúde. De modo geral, o setor público científico norte-americano ganhou pequenos impulsos após meses de negociações no Congresso. Confira a seguir.
Os NIH (Institutos Nacionais de Saúde, na sigla em inglês), por exemplo, verá o orçamento crescer 5,6% em 2023, chegando em US$ 47,5 bilhões. Ainda é maior que o estimado anteriormente: em valor real, o aumento será de US$ 2,5 bilhões, enquanto o solicitado pelo governo de Joe Biden era de apenas US$ 274 milhões.
Os congressistas dos EUA concordaram que o Instituto Nacional do Câncer deve receber US$ 150 milhões a mais para reforçar a pesquisa em ciência e o atendimento de pessoas que enfrentam tumores.
Já a pesquisa sobre o Alzheimer deve receber mais US$ 226 milhões em 2023. Ao todo, o orçamento ficará em US$ 3,7 bilhões para as tentativas de encontrar uma forma de barrar o avanço da doença. Os estudos de outras enfermidades, como HIV/Aids e vício em opióides, também ganharam aumentos, mas menos significativos.
O pacote orçamentário inclui ainda US$ 18 milhões para a Rede de Doenças Sem Diagnóstico, que estuda doenças raras e misteriosas. Foi uma surpresa, porque o NIH planejava reduzir o apoio às atividades do programa para menos de US$ 5 milhões em 2023.
Gasto obrigatório
A NSF (Fundação Nacional da Ciência, na sigla em inglês), por sua vez, deve acrescentar US$ 1 bilhão em seu orçamento. Isso porque os parlamentares classificaram o gasto como obrigatório e, por isso, sem a necessidade de ser compensado por cortes em outras pastas.
O Congresso usa essa abordagem para pagar por necessidades inesperadas, como guerras e ajuda a desastres naturais. Mas é a primeira vez que um montante expressivo foi aplicado desta forma para financiar pesquisas científicas fundamentais.
Com o mecanismo, o Congresso cumpre parte do projeto aprovado em agosto que, além de fortalecer a indústria de chips semicondutores nos EUA, prevê um orçamento de US$ 18 bilhões para a NSF nos próximos cinco anos – o dobro do que é hoje.
Quanto a NASA vai ganhar
Ao todo, a NASA terá um orçamento de US$ 25,4 bilhões em 2023 – um aumento de 6% em relação aos níveis atuais. Só o departamento científico ficará com US$ 7,8 bilhões, ou quase 2% a mais do que recebe hoje.
Os parlamentares não ficaram muito felizes. Mas alegam que é “tudo o que puderam fazer” depois da lei que incentiva a fabricação de chips no país.
O setor da NASA com mais investimentos é o de ciência planetária: vai contar com US$ 3,2 bilhões no próximo ano, um aumento de 3% em relação aos níveis atuais e recorde histórico para o programa.
Deste valor, US$ 90 milhões vão para o desenvolvimento do telescópio espacial infravermelho Near-Earth Object Surveyor, que deve ser capaz de localizar asteroides de até 30 metros de diâmetro. O lançamento está previsto para 2028.
Outros US$ 823 milhões devem ir para o Mars Sample Return, conjunto de missões para trazer rochas de Marte à Terra. Já a divisão de astrofísica, que mantém o telescópio espacial James Webb, perdeu 4% no orçamento: vai contar com US$ 1,51 bilhão em 2023.
Enquanto isso, os legisladores enviaram US$ 482 milhões para manter o telescópio Nancy Grace Roman, que deve ser lançado em 2027. Trata-se de um telescópio óptico de campo amplo que estudará a expansão do universo e procurará pistas sobre a misteriosa matéria escura.
Mais investimentos
Veja quanto outras agências dos EUA voltadas à ciência receberão em 2023:
- NIST (Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia): US$ 1,63 bilhão
- USGS (Serviço Geológico): US$ 1,5 bilhão (aumento de 7%)
- EPA (Agência de Proteção Animal): US$ 802 milhões (aumento de 7%)
- USDA (Departamento de Agricultura): US$ 1,1 bilhão (aumento de 4%)
- NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica): US$ 6,35 bilhões (aumento de 17%)