Talvez ainda leve um tempo até que os primeiros seres humanos cheguem em Marte, mas os estudos do nosso planeta vizinho continuam a todo vapor. E um dos projetos mais ambiciosos da NASA, em conjunto com a Agência Espacial Europeia (ESA), é trazer um pedacinho do Planeta Vermelho para a Terra por meio da missão Mars Sample Return (MSR).
O objetivo é exatamente esse: ir até Marte e voltar para cá com algumas amostras do solo marciano. A iniciativa já está em andamento e agora entra na chamada Fase A — a agência espacial americana aprovou o avanço, de acordo com um comunicado divulgado na quinta (17).
Em julho deste ano, a agência espacial americana lançou o rover Mars 2020 Perseverance, que deve pousar em Marte no dia 18 de fevereiro de 2021 — sim, cerca de sete meses de viagem, e possivelmente outros sete para retornar ao planeta Terra. A máquina integra a missão Mars Sample Return (MSR), e a ideia é que, a partir das amostras marcianas, os cientistas terrestres possam compreender se alguma vez existiu vida em Marte. Isso também deve ajudar a entender como foi o processo de formação da vida na Terra.
O rover tem o tamanho de um carro compacto e vai procurar por sinais de vida microbiana antiga. Ele usará um braço robótico com uma broca perfuradora na ponta, além de vários instrumentos científicos e câmeras com microfones, podendo coletar amostras de rochas marcianas e poeira. Quando terminar a coleta, o veículo será capaz de armazenar os materiais em tubos especiais, dentro de si mesmo, ou em locais designados na superfície marciana para coletar as amostras posteriormente.
De acordo com o cronograma da NASA e da ESA, o rover deve ficar no planeta vermelho por quase 10 anos. Nesse período, as agências planejam enviar componentes para ajudar a máquina a reconhecer o solo marciano e conseguir guardar as amostras com mais segurança. O primeiro lançamento deve acontecer em julho de 2026, com uma nova sonda que ficará na atmosfera marciana. A partir daí, o rover enviará as amostras coletadas para a sonda na órbita de Marte, quando então finalmente fará seu retorno à Terra no início de 2030.
“Trazer de volta amostras de Marte tem sido um objetivo dos cientistas planetários desde os primeiros dias da era espacial, e a conclusão bem-sucedida do MSR é o próximo passo importante para transformar esse objetivo em realidade. O MSR é uma missão complexa e engloba a essência pioneira da exploração espacial, ampliando os limites do que é capaz e aprofundando nossa compreensão do nosso lugar no universo”, disse Thomas Zurbuchen, administrador associado de ciências na sede da NASA, em Washington.
Com o estudo das amostras do solo marciano, a NASA espera aprimorar as tecnologias que um dia levarão humanos ao planeta vermelho. “Trazer amostras de Marte de volta à Terra permitirá que cientistas de todo o mundo examinem os espécimes usando instrumentos que são sofisticados, grandes e complexos demais para enviar a Marte, e permitirá que as futuras gerações os estudem usando tecnologias que ainda não estão disponíveis”, destacou a agência em um comunicado oficial.