Kanye West ganha apoio de neonazistas após aquisição da Parler e discursos de ódio
O rapper Kanye West comprou a rede social Parler depois de ter a conta suspensa no Instagram e Twitter por discursos antissemitas. Como resultado, Kanye ganhou o apoio de grupos extremistas, em especial aqueles ligados ao neonazismo, radicais do Islã e teorias da conspiração, como QAnon e Proud Boys.
Em relatório, a ADL (Liga Antidifamação, entidade judaica dos EUA) avisou que seitas extremistas defenderam as declarações de West e usaram as falas do rapper para promover o discurso de ódio contra judeus e negros, além de outras teorias conspiratórias.
Grupos como Proud Boys e Nação do Islã elogiaram Kanye West por “falar a verdade” sobre o “controle judaico”, um espectro inventado por conspiracionistas.
O editor do site neonazista Daily Stormer, Andrew Anglin, “saudou” o rapper. “Uma das maiores pessoas que viveram desde Jesus Cristo, ou pelo menos desde Adolf Hitler”, escreveu em artigo sobre o artista.
O discurso saiu das redes sociais. No sábado (22), a entidade antissemita “Liga de Defesa Goyim” colocou várias faixas sobre viadutos movimentados em Los Angeles. Os banners diziam: “Kanye está certo sobre os judeus”, com um site de vídeos e a bandeira dos EUA.
Hate in America:
Yesterday, the head of an antisemitic and white supremacist group (and his supporters) dropped banners over the 405 in Los Angeles. One banner read, "Kanye is right about the Jews.” pic.twitter.com/FQBFIm0WLX
— Oren Segal (@orensegal) October 23, 2022
Além das faixas, moradores de Los Angeles receberam panfletos com textos de ódio a judeus. Em um deles, os conspiracionistas acusam a comunidade judaica de conduzir a “agenda” da Covid-19.
My neighbors and I woke up to this antisemitic flyer at our homes. This antisemitic banner was on the 405. Antisemitic flyers were left on cars last week at the Grove and in Pico Robertson. The silence of the press and our elected officials and other candidates is deafening. pic.twitter.com/7pEnZVU3GG
— Sam Yebri (@samyebri) October 23, 2022
“[Kanye West] é uma pessoa que tem mais seguidores nas mídias sociais do que judeus no mundo ecoando algumas das declarações que extremistas promovem”, disse Oren Segal, da ADL, ao site Gizmodo EUA.
Essa é uma tática desses grupos: encontrar alguém com muitos seguidores que possam compartilhar suas crenças e, assim, disseminar ódio contra comunidades em todo o mundo.
Repercussão
Na segunda-feira (24), Kim Kardashian, a ex-mulher de Kanye West, falou sobre o caso. “Discurso de ódio nunca é aceitável ou desculpável”, escreveu no Twitter e no Instagram sem mencionar o ex-parceiro. “Estou junto com a comunidade judaica e peço que a terrível violência e retórica odiosa chegue ao fim imediato”.
Hate speech is never OK or excusable. I stand together with the Jewish community and call on the terrible violence and hateful rhetoric towards them to come to an immediate end.
— Kim Kardashian (@KimKardashian) October 24, 2022
Nesta terça (25), a Adidas encerrou sua parceria com o rapper. “A Adidas não tolera antissemitismo e qualquer outro tipo de discurso de ódio”, disse a empresa alemã em comunicado.
“Os comentários e ações recentes de Ye [nome artístico do rapper] foram inaceitáveis, odiosos e perigosos, e violam os valores da empresa”. A grife Balenciaga e a agência CAA, também anunciaram o fim do contrato com o rapper.
Kanye West está servindo como propulsor de discursos extremistas desde o começo de outubro, quando lançou camisetas com a frase “White Lives Matter” (Vidas Brancas Importam, na tradução literal), na Paris Fashion Week.
Depois, teve as contas do Twitter e Instagram suspensas por afirmar que mataria judeus e propagar outros discursos de ódio contra a comunidade judaica. No dia 17, West anunciou a compra da rede de direita Parler, em prol da “liberdade de expressão”. Ele recebeu o diagnóstico de transtorno bipolar em 2016.