Professor, filósofo, astrônomo e físico: estamos falando dele mesmo, Galileu Galilei, o pai da ciência moderna. A alcunha não é por acaso. Os estudos do italiano que viveu entre 1564 e 1642 revolucionaram a forma do ser humano se relacionar com o mundo e o universo.
Nascido em 15 de fevereiro de 1564 em Pisa, na Itália, foi aceito para estudar medicina na Universidade de Pisa, mas nunca concluiu os estudos. Sua paixão mesmo era tentar entender os fenômenos físicos, como o movimento e a gravidade.
Por que pai da ciência?
Foi Albert Einstein quem definiu Galileu como o pai da ciência moderna. E tem um motivo: Galileu foi pioneiro no método científico experimental.
Ou seja, ao se deparar com um questionamento, ele antes determinava um objeto de estudo e selecionava possíveis variáveis que pudessem influenciá-lo. Por fim, via que efeitos essas variáveis tinham no objeto. Assim nasceu a base essencial do método científico que comprova e descarta hipóteses até hoje.
Isso se aplica à principal tese pela qual Galileu é conhecido: a de que a Terra e outros planetas giram em torno do Sol – e não o contrário. No início de sua carreira como professor, Galileu chegou a ensinar a teoria de que tudo no Universo girava em torno da Terra.
Era isso que se pensava no início do século 16, momento de grande influência da Igreja Católica. A linha de raciocínio tinha uma base teológica, mas também era o que havia sido defendido mais de mil anos antes, por grandes filósofos como Ptolomeu e Aristóteles.
O encontro de Galileu com a teoria revolucionária de Nicolau Copérnico, em 1543, porém, mudou tudo. O astrônomo polonês afirmava que fazia mais sentido que a Terra e outros planetas girassem em torno do Sol – o que chamou mais tarde de teoria heliocêntrica copernicana. Galileu usou um telescópio recém inventado e confirmou: a tese de Copérnico estava certa.
Esse método foi essencial em outras de suas descobertas, como a das 4 maiores luas de Júpiter, a otimização do telescópio para uso científico e militar e uma série de cálculos geométricos. Galileu foi uma espécie de influencer do Iluminismo. Seu apoio à teoria de Copérnico fez com que a ideia se difundisse amplamente – e isso, é claro, lhe rendeu muitos problemas.
Quebrando conceitos
Galileu foi um grande crítico de Aristóteles. Em 1610, quando o grão-duque da Toscana, Cosimo de Medici, nomeou-o seu matemático profissional, Galilei pôde se dedicar muito à astronomia.
Com seu telescópio, tornou-se o primeiro europeu a documentar manchas solares, o que refutou a crença de Aristóteles de que o sol era uma esfera perfeita, sem defeitos. Um ano antes ele fizera a mesma coisa com a Lua, mostrando-a “áspera e irregular”, e não lisa como o filósofo grego imaginava.
Nesse período, ele também mostrou, pela 1ª vez, que a Via Láctea não era uma massa nebulosa, mas sim milhões de estrelas compactadas de tal forma que pareciam nuvens. Suas novidades, porém, precisaram ser interrompidas quando ele passou a ser perseguido pela Igreja, em 1616.
Apesar de sua crença católica, Galileu continuou defendendo o heliocentrismo mesmo com diversas ameaças. Anos antes, em 1600, o astrônomo Giordano Bruno foi queimado na fogueira por razões semelhantes. A diferença era que Galilei tinha o apoio da poderosa família Medici.
Isso possibilitou que, em 1632, publicasse sua primeira obra: Diálogo. Ali, discutiu os dois principais sistemas mundiais e mostrou que o sistema de Copérnico era logicamente superior. Isso levou à sua condenação à prisão perpétua no ano seguinte, aos 69 anos.
A idade avançada permitiu que cumprisse sua pena em prisão domiciliar, na cidade de Florença. Até 1642, ano de sua morte, Galileu dedicou-se ainda aos estudos de física aplicada, cinemática (engenharia mecânica) e engenharia de materiais.
O que ficou
Há relatos históricos de que Galileu não pretendia desafiar a autoridade da Igreja, mas sim revelar a obra de Deus ao mostrar a verdadeira natureza do Universo. Em alguns escritos, afirmou que a “linguagem de Deus é a matemática”.
A Igreja Católica o “reabilitou” em 1741, quase 100 anos depois da sua morte. Em 31 de outubro de 1992, o papa João Paulo II se desculpou formalmente pela injustiça feita ao cientista.
Seu legado até hoje é indiscutível. Em 1989, a NASA lançou a 1ª espaçonave de pesquisa não tripulada a orbitar Júpiter. O nome? Galileo, uma justa homenagem ao pai da ciência moderna.