Nova análise mostra que Lua tem tremores que mostram que nosso satélite pode ser tectonicamente ativo

Astronautas e qualquer um que queira fazer uma visita à Lua agora devem ter outro desafio para se preocupar: tremores causados por atividades tectônicas. Sismômetros da missão Apollo mediram 28 tremores superficiais entre 1969 e 1977 que pareciam não ter a origem conhecida. Pesquisadores recalcularam recentemente os epicentros destes tremores e descobriram que oito deles […]
Escarpa lunar mostra possível falha em nosso satélite natural
Uma escarpa, uma potencia linha de falha lunar, divide essa imagem. Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University

Astronautas e qualquer um que queira fazer uma visita à Lua agora devem ter outro desafio para se preocupar: tremores causados por atividades tectônicas.

Sismômetros da missão Apollo mediram 28 tremores superficiais entre 1969 e 1977 que pareciam não ter a origem conhecida. Pesquisadores recalcularam recentemente os epicentros destes tremores e descobriram que oito deles ocorreram próximo a pequenos penhascos produzidos ao longo de falhas geológicas. Combinando com evidências de poeira e pedras se movendo perto dessas falhas, os pesquisadores concluíram que a Lua tem atividade tectônica ativa.

“Temos essas falhas possivelmente ativas na Lua, o que significa que ela não é um corpo morto”, disse Tom Watters, autor principal do Centro de Estudos Planetários e da Terra da Smithsonian Institution, em Washington, ao Gizmodo. “Isso se contrapõe à sabedoria convencional que diz que quanto menor um corpo rochoso, mais rápido ele perde o calor interior e se torna geologicamente inativo”.

O sismômetro da missão Apollo mediu um monte de atividade sísmica, de vibrações induzidas por meteoritos a estrondos de quando a crosta fria se expandiu quando o Sol começou a brilhar no final de uma noite lunar .Mas 28 desses terremotos foram relativamente superficiais e poderosos — um deles teve uma magnitude de 5,5 na escala Richter, de acordo com a NASA. A origem desses terremotos continua sendo um mistério há décadas.

Mas em 2010, imagens de alta resolução tiradas pela missão LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter) revelaram escarpas de falhas em toda a Lua, ou penhascos de dezenas a centenas de metros de altura produzidos por movimentos ao longo de linhas de falha. Estas escarpas de falhas pareciam recentes — menos de 50 milhões de anos. Os cientistas, então, perguntaram: quão novas elas realmente eram? Será que ainda estão ativas?

Os pesquisadores começaram a empregar um novo algoritmo — dessa vez, um pensado para trabalhar com dados imprecisos de redes sísmicas baseadas na Terra com poucos sensores — para tentar encontrar os epicentros dos 28 tremores detectados na missão Apollo. Eles calcularam que a distância da falha seria mais forte e compararam essa distância com os epicentros recalculados. Eles construíram mapas de tremores para mostrar que forças seriam experimentadas durante os terremotos ao longo das falhas. Eles também compararam o tempo dos tremores com a distância entre a Terra e a Lua para testar como as forças de maré entre as duas esferas poderiam ter influenciado o comportamento sísmico.

A equipe descobriu que oito desses terremotos pareciam ocorrer perto dessas escarpas de falha, segundo estudo publicado nesta segunda-feira na Nature Geoscience. Reunindo todos os modelos e examinando imagens mostrando evidência de movimentos recentes de destroços da Lua, os pesquisadores criaram a hipótese de que a Lua poderia ainda ter atividade tectônica.

Para esclarecer, a Lua não tem placas tectônicas como a Terra. Em vez disso, nosso satélite natural contrairia à medida que ela perde calor, fazendo com que a sua superfície se divida e quebre apresentando falhas. Os cientistas já demonstraram evidências de que Mercúrio apresenta comportamento tectônico, mas as evidências começaram a mostrar que esses corpos rochosos permanecem aquecidos e continuam sendo sismicamente ativos por um longo tempo, segundo Watters.

Esta ainda é uma correlação baseada em um modelo (uma série de pesquisadores já analisou e re-analisou os tremores detectados pela missão Apollo para achar a fonte), e há mais trabalho a ser feito para confirmar verdadeiramente a origem da atividade sísmica. Espera-se que os cientistas coloquem mais sismógrafos na Lua para localizar melhor a fonte desses “terremotos”. Watters espera que a equipe da missão LRO terá a oportunidade de analisar novamente as escarpas de falhas registradas pelo orbitador desde 2009 para encontrar evidências de movimento — isso seria uma prova concreta, disse ele.

Isso só mostra o quanto ainda precisamos aprender sobre nosso vizinho cósmico mais próximo. E se temos planos de construir moradias na Lua, provavelmente vai ser importante saber um pouco mais sobre esses tremores.

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