Nova mutação do mosquito da dengue não morre nem com inseticidas

Mutação do Aedes aegypti já é maioria do Vietnã e Camboja, mas há risco de se espalhar para a Ásia e outros continentes, alertam especialistas
Novo mosquito mutante da dengue não morre nem com inseticida
Imagem: Stephen Ausmus/USDA/Flickr/Reprodução

Uma pesquisa do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do Japão identificou um mosquito da dengue mutante. O novo Aedes aegypti é ultrarresistente e não morre nem quando exposto a inseticidas, mostrou artigo publicado na revista Science Advances em 21 de dezembro. 

A equipe de pesquisadores coletou mosquitos em diversos países, incluindo o Brasil. Mas 78% dos insetos encontrados em Camboja e Vietnã vinham com a mutação L982W, ligada à resistência à permetrina, inseticida comum no mercado. Cientistas já observaram essa mutação em mosquitos antes, mas nunca em taxas tão altas. 

O estudo também identificou que os mosquitos encontrados em Phnom Penh, capital cambojana, têm uma resistência extrema a dois inseticidas usados com frequência para espantar esses insetos. Um dos inseticidas matou só 10% dos mosquitos, enquanto o outro não matou nenhum. 

A pesquisa não encontrou a mutação em nenhum local além do Vietnã e Camboja, mas alerta para um possível avanço a outras regiões da Ásia – e, potencialmente, para outros continentes. 

Vetor da dengue, febre chikungunya e zika vírus, o Aedes aegypti viaja com facilidade e seus ovos são resistentes por natureza: estudos já mostraram que podem sobreviver por meses na seca, por exemplo. 

“Nosso trabalho mostra que a evolução é uma força poderosa”, disse Shinji Kasai, o principal autor do estudo, ao jornal Washington Post. Segundo ele, os esforços para combater os mosquitos precisarão ser tão adaptáveis quanto os próprios insetos. 

“O mosquito da dengue pode habitar qualquer lugar. Eles gostam de recipientes de água artificial, como potes, copos e pneus usados. Acho impossível eliminar essas vasilhas de água”, pontuou. 

O estudo estima que as infecções por dengue aumentaram 30 vezes desde 1970. Hoje são 390 milhões de novas infecções todos os anos. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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