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Nova variante da Covid é monitorada nos esgotos dos EUA

Pesquisadores estão monitorando a nova variante da Covid em águas de esgoto no estado de Wisconsin, nos EUA; vírus pode ser o próximo Ômicron

Nova variante da Covid é monitorada nos esgotos dos EUA

Imagem: Jan Klawitter/ UW-Madison/Divulgação

Uma variante fortemente alterada do vírus da Covid-19 está sendo monitorada de perto desde o começo do ano. Cientistas da Universidade de Wisconsin-Madison encontraram a possível cepa nas águas do esgoto no estado de Wisconsin, na região centro-oeste dos EUA. 

O desafio, agora, é encontrar a pessoa que parece ter sido contaminada com a mutação do vírus. A hipótese é que ela sofre de uma infecção crônica há oito meses. 

Os pesquisadores encontraram a variante pela primeira vez em janeiro deste ano. Estava em uma única linha residual entre as mais de 600 áreas analisadas em 39 estados dos EUA. 

Em apresentação preprint, os pesquisadores afirmaram que as amostras não saíram de “um único banheiro”, mas de um ponto de esgoto que coleta os resíduos de seis banheiros em uma única instalação. 

A pesquisa já descartou que o vírus esteja alojado em cães, ratos e veados, que também podem carregar a Covid. “É improvável”, diz a apresentação. “A sequência de ribossomos RNA encontrado nas amostras de água são inteiramente humanos”. 

Segundo os cientistas, a variante apresenta várias mutações parecidas com a variante Ômicron, mas parece ter saído de uma parte diferente da árvore genealógica do SARS-CoV-2.

“É daqui que Pi virá”, disse Marc Johnson, virologista da Universidade de Missouri à revista Nature, referindo-se ao nome dado às variantes da Covid dentro do alfabeto grego. “As pessoas não percebem o quanto já está aqui. Muitas das linhagens que encontramos fazem [a cepa] Ômicron parecer um mero pedestre”. 

Agora, os cientistas trabalham com as autoridades dos EUA para identificar o possível hospedeiro do vírus. Por enquanto, não há evidências de que a variante se espalhou para mais pessoas.

Mutações continuam

Desde a descoberta, a linhagem do vírus ganhou ainda mais mutações e sua diversidade genética cresceu. Essas características demonstram que o vírus está evoluindo no corpo de uma única pessoa sem se espalhar. 

Alguns testes apontaram que a variante é ainda mais “eficiente” que a Ômicron em não ser detida por anticorpos desencadeados pela vacinação e/ou infecção anterior. Na prática, é um vírus muito mais resistente que o que já conhecemos até agora. 

Não está claro se a variante apresenta risco para mais pessoas além do hospedeiro. “A grande maioria dessas linhagens não está transmitindo, até onde sabemos”, disse o virologista Dave O’Connor à Nature

A grosso modo, as chances para casos individuais produzirem a nova supervariante são baixas. Ainda assim, rastrear a fonte de uma cepa em potencial pode ajudar pesquisadores a mapear os fatores biológicos que causam o surgimento de novas variantes. É como se fosse uma “bola de cristal” sobre o futuro do vírus. 

Agora, as equipes procuram a variante em testes comunitários e nas águas de outros esgotos de Wisconsin. Em junho, uma equipe com cientistas de várias universidades e órgãos públicos norte-americanos rastreou a variante no esgoto de uma pequena empresa, que não teve a localização divulgada. Até agora, 60% dos funcionários fizeram os testes e nenhum pareceu carregar a linhagem mutada. 

Os pesquisadores também se voltaram a amostras clínicas antigas, para ver se a variante já apareceu antes. “Continuamos vigilantes”, pontuou Ryan Westergaard, epidemiologista do Departamento de Saúde de Wisconsin. 

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