O que é pior: cigarro eletrônico ou narguilé?
“Fumar narguilé é como fumar 100 cigarros”. Essa frase já foi destaque na campanha de controle do tabagismo de 2015 e espantou a população que pensava que o hábito era inofensivo. Recentemente, o mesmo aconteceu com os cigarros eletrônicos, também conhecidos como “vapes“.
Populares entre jovens e disponíveis em versões saborizadas, oa vapes ganharam o noticiário com casos de pessoas que apresentaram problemas respiratórios após o uso.
Diversas evidências científicas já demonstraram que o uso de cigarro eletrônico ou de narguilé causam riscos semelhantes e até maiores que outras formas de fumar. Ainda assim, em geral, não é possível apontar o principal vilão, uma vez que ambos têm como base o tabaco, produto prejudicial à saúde.
Cigarro eletrônico e vape: inofensivos?
No Brasil, tanto o “vape” quanto o narguilé são utilizados especialmente entre os jovens, com parte dos fumantes começando o vício com menos de 18 anos. Por isso, são considerados como porta de entrada para o tabagismo e muitas vezes podem levar ao cigarro.
Em geral, o cigarro eletrônico ficou conhecido como sendo um produto que libera níveis mais baixos de substâncias tóxicas que os cigarros comuns. Por isso, ganhou fama como uma possibilidade de transição entre o vício e parar de fumar.
Contudo, o uso contínuo tem efeito contrário do esperado, de forma que os fumantes de “vape” se tornam usuários ainda mais intensos. Em sua composição, um cigarro eletrônico contém um cartucho recarregável e uma bateria.
No cartucho, além de diversos aromas, há também propilenoglicol e nicotina. Assim, se torna viciante e, pela praticidade do uso, as pessoas inalam as toxinas em uma quantidade maior de vezes.
Além disso, o “vape” emite ou fumaça, ou vapor, e ambos prejudicam aqueles que estão por perto e inalam as substâncias.
No caso do narguilé, há um filtro de água pelo qual a fumaça passa antes de ser aspirada pelo fumante, por meio de uma mangueira. Ainda assim, grande parte das toxinas derivadas do tabaco utilizado continuam presentes e vão para o organismo da pessoa.
Há também o fator de que as fontes de aquecimento do narguilé são o carvão ou a madeira em brasa, que liberam mais substâncias nocivas além daquelas do tabaco. E o risco ainda aumenta porque, como um hábito social trazido de países árabes, uma rodada de fumo no narguilé pode levar cerca de 45 minutos a uma hora — tempo esse que equivale à inalação de 100 cigarros convencionais.
Estado de alerta
De acordo com a Comissão de Controle do Tabagismo do CFM (Conselho Federal de Medicina), todas as formas de uso do tabaco são prejudiciais à saúde e à qualidade de vida — até mesmo aquelas apontadas de forma equivocada como menos nocivas.
Segundo a Anvisa, diversos tipos de doenças são associados ao uso de narguilé. Por exemplo, a dependência física e psíquica, a impotência, doenças cardíacas e diversos tipos de câncer, como o de pulmão, de fígado e o oral.
No caso dos cigarros eletrônicos, que são mais recentes, as evidências indicam que o vício também pode aumentar o risco de surgimento de câncer, além de doenças respiratórias e cardiovasculares, como a morte súbita.
Dessa forma, reforçam que não há produto de tabaco seguro para o consumo humano. No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proíbe a importação, propaganda e o comércio de cigarros eletrônicos.
Mas o mesmo não acontece com os narguilés, que são permitidos por serem considerados produtos culturais. Ainda assim, há tratamento no SUS para pessoas que querem deixar de fumar de maneira segura.