Países da ONU fecham acordo para frear uso de plástico. Dá para confiar?
Nesta quarta-feira (2), os 193 Estados-membros da Organização das Nações Unidas fecharam um acordo para criar o primeiro tratado global sobre o uso de plástico do mundo. A decisão aconteceu durante a 5ª edição da Assembleia da ONU para o Meio Ambiente (UNEA).
O pacto ambiental está sendo descrito como o mais significativo desde o acordo climático de Paris, estabelecido em 2015. As discussões estavam ocorrendo desde o começo da semana em Nairóbi, no Quênia.
Agora, os líderes mundiais têm até 2024 para concordar com o tratado. O documento deve abordar o ciclo dos produtos plásticos, desde a produção do material até seu uso e descarte. O objetivo principal é desenvolver uma estrutura que proporcione a redução do desperdício plástico em todo o mundo.
Consequentemente, empresas de petróleo, produtos químicos e até mesmo fabricantes de embalagens devem ser afetadas pelas novas diretrizes. As economias dos principais países produtores de plástico, como EUA, Índia, China e Japão também serão impactadas.
Hoje, nem 10% do plástico do mundo é reciclado. O material prejudica, principalmente, a vida oceânica, destruindo habitats e contaminando a cadeia alimentar. Mais de oito milhões de toneladas de plástico entram nos oceanos do mundo a cada ano. Só no Brasil, o material corresponde a 48,5% dos itens encontrados no mar.
É preciso investir no mercado de plásticos reciclados. Hoje, esse material representa apenas 6% do total comercializado, provavelmente devido ao fato de ser mais caro. Ao mesmo tempo, é necessário encontrar formas de produzir o material que sejam menos nocivas ao ambiente, focando na redução de sua pegada ecológica.
Podemos esperar uma mudança? Ainda é cedo para dizer. Mas temos alguns exemplos, como o Protocolo de Montreal, de 1987. Na época, um conjunto de países desenvolveu diretrizes para eliminar gradualmente as substâncias que destroem a camada de ozônio.
Após mais de 30 anos, é possível dizer que ele cumpriu seu objetivo, com mais de 95% das substâncias que agridem a camada de ozônio sendo eliminadas. Esperamos que o resultado se repita para o uso de plástico.