Panasonic encerra produção de TVs no Brasil, mas continuará fabricando eletrodomésticos

É mais uma companhia que encerrará sua linha de produção na Zona Franca de Manaus (AM). Linha branca continuará sendo vendida.
Imagem: Divulgação
Imagem: Panasonic/Divulgação

A Panasonic anunciou nesta quarta-feira (12) que deixará de fabricar televisores no Brasil. Embora não esteja se retirando totalmente do País, a linha de produção específica para TVs será encerrada na Zona Franca de Manaus (AM), após mais de 40 anos de atividade. Cerca de 130 funcionários devem ser dispensados, e as operações da marca japonesa continuarão, mas agora focadas em eletrodomésticos

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“Nos últimos anos, nós reforçamos, ano a ano, outros segmentos para fazer essa saída do mercado de TV. Todos os nossos produtos são ligados à inovação, como nossos refrigeradores e lavadoras que têm baixo consumo de energia. Temos pilhas alcalinas com 18% mais duração do que uma pilha comum”, disseSergei Epof, vice-presidente de eletrodomésticos da Panasonic, em entrevista à revista EXAME.

Epof ainda disse que a decisão de encerrar a divisão de TVs não está relacionada ao “momento atual do Brasil”, mas sim porque a produção da companhia deixou de ser verticalizada — ou seja, as peças para a montagem dos produtos passaram a ser compradas de terceiros. O executivo até fez um paralelo com a Sony, que também saiu do mercado brasileiro e adotava a mesma estratégia há algum tempo.

A participação de mercado da Panasonic no segmento de televisores também já não era das mais significativas. Em 2011, 90% das TVs adquiridas no Brasil eram da marca e, ao longo dos últimos 10 anos, a fabricante japonesa chegou a usar os aparelhos em patrocínios de grandes programas e eventos, entre eles o Big Brother Brasil e os Jogos Olímpicos do Rio em 2016. No entanto, em 2021, a empresa viu sua participação no mercado de TVs cair para apenas 8%.

Panasonic foi engolida pela concorrência

Um fato que pode ajudar a entender a saída da Panasonic do mercado de TVs no Brasil é a concorrência, mais precisamente da Samsung e LG. As duas empresas dominam com folga o segmento, trazendo ao consumidor local lançamentos recentes com poucos meses (e às vezes até semanas) de diferença com a chegada dos produtos em outros países. Isso sem contar na variedade de opções disponíveis das marcas coreanas — são quase 40 modelos, com preços e especificações variadas. A Panasonic, por sua vez, só trouxe dois televisores no final de 2020.

Também há de se reconhecer que outras fabricantes estão apostando no setor. A Multilaser, por exemplo, trouxe de volta ao Brasil um pequeno grupo de TVs da Toshiba. A Britânia, conhecida pelos eletrodomésticos, também começou a apostar no segmento. Tem ainda a Philco, a única marca que utiliza o sistema operacional da Roku em TVs vendidas no mercado nacional.

Além da falta de variedade nos modelos, a Panasonic enfrentava outra questão: era pouco, ou quase nulo, o investimento em recursos de Smart TV. Muitas pessoas transformaram o aparelho em uma central de entretenimento que vai muito além da TV aberta ou a cabo. E funções que já são consideradas básicas, como controle via assistentes de voz e navegação entre apps de streaming, não estavam presentes em todos os televisores da marca.

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Panasonic continuará nos eletrodomésticos

A Panasonic reforçou seu compromisso com o mercado brasileiro, mas agora terá como foco principal sua linha branca de eletrodomésticos, o que inclui máquinas de lavar roupa e geladeiras. Epof disse ao Valor Econômico que, entre os diferenciais dos produtos, está o consumo de energia até 40% menor do que o mínimo exigido pelo Inmetro (Instituto de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). “É onde temos aplicado muita inovação”, afirmou.

[Exame, Valor Econômico]

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