A rede social Parler, que ganhou projeção há algumas semanas por ter sido usada por extremistas de direita, demitiu o seu CEO, John Matze.
Em carta obtida pela Fox Business, o agora ex-comandante do aplicativo afirmou que o conselho da empresa é controlado pela conservadora Rebekah Mercer, que por sua vez é uma das maiores financiadoras da ferramenta. No entanto, ela não teria participado da decisão que acarretou no desligamento do executivo. Matze ainda disse que sua saída acontece no momento em que a plataforma se prepara para voltar à internet.
“Eu entendo que aqueles que agora controlam a companhia fizeram algumas comunicações aos funcionários e outros terceiros que, infelizmente, criaram confusão e me levaram a fazer esta declaração pública. Encontrei resistência constante à minha visão de produto, minha forte crença na liberdade de expressão e minha opinião de como o Parler deve ser gerenciado”, escreveu Matze.
Durante o mandato de Matze, o Parler aumentou o número de membros conservadores obcecados com a ideia de que uma conspiração encabeçada por empresas de tecnologia, como Twitter e Facebook, queria censurá-los. Depois que o app foi inundado com posts de ameaças de morte contra legisladores democratas e apontado como um dos principais canais usados por extremistas que invadiram o Capitólio dos EUA, em 6 de janeiro, o Parler foi banido das lojas de aplicativos da Apple e Google. Além disso, Amazon removeu sua hospedagem na web.
Embora o Parler se vendesse como uma plataforma focada 100% na liberdade de expressão dos usuários, havia algumas regras, mas elas pareciam se aplicar somente a publicações de cunho político de esquerda. O serviço tinha um sistema de moderação bizarro e opaco em que as postagens relatadas eram examinadas por um júri de outros membros que não eram funcionários do Parler.
Matze disse ao New York Times no início deste mês ter informado Rebekah Mercer que o site nunca voltaria a ficar online se eles não incluíssem novas ferramentas para banir terroristas domésticos, supremacistas brancos e teóricos da conspiração QAnon. O executivo afirma que obteve um “silêncio mortal como resposta”.
Um dos maiores investidores de Parler, o politico Dan Bongino deu a entender que o site nunca vai banir usuários, mesmo que o conteúdo seja considerado sensível, extremista ou ofensivo. De acordo com a CNN, Bongino disse em um vídeo no Facebook que “a visão do CEO não era nossa”, e que Matze estava sendo mentiroso. “Apenas um imbecil acreditaria nele”, declarou.
“Não queremos lixo em nosso site e tomamos as medidas adequadas para fazer isso, mas somos um site de liberdade de expressão e assim permaneceremos”, acrescentou Bongino.