Animais

Pela 1ª vez, cientistas recuperam RNA de tigre da Tasmânia extinto

Essa é a primeira vez que pesquisadores sequenciaram RNA de um animal já extinto. Descoberta pode revelar novos detalhes sobre espécie
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

O último tigre da Tasmânia conhecido morreu em cativeiro em 1936. Depois disso, alguns representantes da espécie foram preservados em museus. Agora, em um estudo publicado na revista científica Genome Research, pesquisadores conseguiram sequenciar seu RNA.

Eles utilizaram amostras de músculo e pele de um tigre da Tasmânia de 132 anos, que estava no Museu de História Natural de Estocolmo desde 1891. Agora, a partir do RNA, é possível estudar e chegar a uma nova gama de informações sobre a espécie.

Como foi o trabalho

Ao contrário do DNA, que é altamente estável, o RNA se degrada rapidamente em fragmentos menores. “Fora das células vivas, acredita-se que ele seja degradado ou destruído em minutos”, disse o autor do estudo, Marc Friedländer, à revista Nature.

Ainda assim, os cientistas isolaram milhões de sequências de RNA do tigre da Tasmânia, também conhecido como tilacino ou Thylacinus cynocephalus. Essa é a primeira vez que pesquisadores sequenciaram RNA de uma espécie animal já extinta.

Para fazer isso, adaptaram o método padrão. No total, eles extraíram e purificaram 81,9 milhões de fragmentos do genoma do músculo do animal e 223,6 milhões de fragmentos de sua pele.

Depois, removeram duplicatas e sequências muito curtas. Dessa forma, eles identificaram 1,5 milhão de sequências de RNA a partir de tecido muscular e 2,8 milhões de sequências a partir da pele.

Em geral, a equipe de pesquisa encontrou sequências correspondentes a 236 genes nas amostras de músculos. Já nos fragmentos de pele, encontraram sequências correspondentes a 270 genes.

O avanço no entendimento sobre a espécie

O RNA fornece informações sobre como a expressão genética varia entre os tecidos. No músculo, por exemplo, parte dos genes encontrados codificam actina e titina, que são proteínas que permitem o alongamento e a contração muscular.

Nas amostras de pele, eles encontraram o que codifica a proteína estrutural queratina. Assim, ao contrário de olhar apenas para o que o genoma do animal, pesquisadores podem agora olhar para o que o genoma faz.

Além disso, os resultados podem contribuir também com estudos de outras áreas. 

Durante o sequenciamento do RNA do tigre da Tasmânia, os pesquisadores também encontraram um pequeno número de moléculas de vírus que viveram ou infectaram o animal. Agora, rastrear e recuperar essas moléculas abre a porta para o estudo de vírus antigos.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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