No Reino Unido, cientistas buscam novas formas de tratamento para aliviar dores crônicas em pessoas que tiveram câncer durante a infância. Oito em cada 10 crianças que superaram o câncer vivem com dores crônicas contínuas por 10 anos ou mais. A informação é de uma pesquisa da Universidade Nottingham Trent (NTU).
Richard Hulse, neurofisiologista sensorial da faculdade de ciência e tecnologia da NTU, encabeça o projeto. Em sua pesquisa, o cientista traça o percurso pelo qual a quimioterapia, ao danificar células do sistema nervoso, causa tanta dor nos pacientes.
Em entrevista ao jornal The Guardian, nesta segunda-feira (28), Hulse afirmou que tratamentos contra o câncer durante a infância, principalmente a quimioterapia, podem danificar células nervosas que detectam a sensação de dor.
Desse modo, segundo a pesquisa de Hulse, pessoas que tiveram câncer durante a infância têm uma experiência diferente com dores. Além disso, Hulse afirma que, mesmo com a evolução dos tratamentos, as dores crônicas ainda são um problema em adultos que tiveram câncer na infância.
“No entanto, ainda sabemos pouco sobre os mecanismos e percursos biológicos que levam a esse prolongamento de dores crônicas após a cura do câncer”, afirma o pesquisador.
Transferência de células pode aliviar dores crônicas em tratamentos contra o câncer
Para entender – e desenvolver novas formas de tratamento – a pesquisa de Hulse e sua equipe visa explorar a interação do sistema imunológico com as células do sistema nervoso durante a quimioterapia.
Em pessoas saudáveis, o sistema imunológico ajuda a preservar mitocôndrias das células de nociceptores, responsáveis pela sensação de dor.
Desse modo, a pesquisa quer transferir mitocôndrias de células saudáveis para células afetadas pela quimioterapia para analisar se o sistema nervoso gera menos dor.
A pesquisa, financiada pelo governo do Reino Unido, pretende melhorar os tratamentos contra o câncer fornecidos pelo sistema de saúde, além de encontrar soluções para aliviar a dor da quimioterapia.