Pesquisadores vão clonar porcos para transplante de coração humano

Previsão é iniciar testes clínicos com humanos até 2025, caso experimentos com babuínos sejam bem sucedidos
Transplante porcos
Imagem: Phoenix Han/Reprodução

O uso de animais para testes farmacêuticos e de cosméticos vem sendo cada vez mais contestado. Mas, com o avanço da biotecnologia, há mais uma discussão em voga: deveríamos criar porcos para o transplante de órgãos? 

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É isso que cientistas da Universidade Luís Maximiliano de Munique, na Alemanha, planejam fazer. O coração de seus suínos geneticamente modificados teriam como fim o corpo humano, dentro de uma prática conhecida como xenotransplante

A tecnologia empregada pelos pesquisadores alemães é semelhante àquela vista no último mês, quando médicos da Universidade de Maryland, nos EUA, realizaram o transplante de coração bem sucedido de um porco para um homem. 

A diferença é que, no último caso, foi utilizado um animal com 10 modificações em seu código genético, feitas para evitar que o corpo do receptor rejeitasse o órgão. Os cientistas alemães pretendem criar uma nova espécie de porcos da Ilha de Auckland com apenas cinco modificações.

Caso você esteja se perguntando se esse procedimento realmente funciona, a resposta é sim – pelo menos, é o que parece. David Bennett, o primeiro homem a receber um coração suíno, está respondendo bem à cirurgia. Mas ainda há riscos de infecção, rejeição do órgão ou pressão alta, e por isso ele segue sendo monitorado. 

A equipe alemã planeja utilizar tecnologia de clonagem para gerar os primeiros animais. Destes, seriam criadas outras gerações geneticamente idênticas de porcos doadores de órgãos. 

Uma primeira geração é esperada ainda para este ano, mas os órgãos não serão transplantados para humanos tão cedo. Primeiro, devem ser feitas cirurgias em babuínos, com os testes clínicos envolvendo pessoas sendo solicitados até 2025.

Por um lado, o avanço parece realmente positivo – principalmente ao considerar a longa fila de espera que os pacientes enfrentam para receber a doação de órgãos. Por outro, toca-se em um assunto delicado: os direitos dos animais.

Alguns ativistas defendem que a tecnologia reduz os porcos ao status de fabricantes de órgãos, enquanto os babuínos morrem em experimentos. Em 2019, a organização alemã Doctors Against Animal Experiments fez uma petição pedindo pela proibição de xenotransplantes. O documento recebeu mais de 57 mil assinaturas.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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