Política que removia artistas acusados de abuso foi lançada errada, diz Spotify
Erros acontecem, né? Na noite da última quarta-feira (31), o CEO do Spotify, Daniel Ek (foto do topo), admitiu que cometeu um dos grandes ao implementar a controversa política de “Conteúdo de ódio e conduta odiosa”. “Nós lançamos o recurso de forma errada e nós poderíamos ter feito um trabalho muito melhor”, disse Ek sobre a decisão de remover de suas playlists artistas como R. Kelly e os rappers XXXTentacion e Tay-K de suas playlists.
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A política da plataforma de streaming diz: “Nós não censuramos conteúdos por causa do comportamento de um artista, mas nós queremos que nossas decisões editoriais — o que escolhemos em nossa programação — reflitam nossos valores. Quando um artista ou um criador faz algo que seja prejudicial ou odioso (por exemplo, violência contra crianças e violência sexual), isso pode afetar as formas que nós trabalhamos com ele ou nosso apoio a esse artista ou criador.”
No papel, parece legal. Na prática, nem tanto. Houve um repercussão imediata dentro e fora da empresa quando a política foi anunciada. Inicialmente, apenas três artistas foram afetados, o que fez a empresa ser criticada por praticar censura e além de ter sido questionada pelas implicações raciais da decisão — apenas artistas negros foram alvos da política num primeiro momento.
Representantes do R. Kelly e do XXXTentacion criticaram a decisão e, segundo a Bloomberg, representantes do rapper Kendrick Lamar ligaram para o CEO do Spotify para expressar a preocupação deles com a política. Houve até certa especulação sobre a possível saída de Troy Carter, diretor de serviços criativos do Spotify, que foi negada por ele posteriormente.
O Spotify voltou atrás da decisão na última semana, dizendo que o XXXTentacion iria retornar às playlists da companhia, mas sem dizer nada sobre os outros artistas que foram afetados pela política. Não está claro se e como a política será alterada — Ek não deu detalhes enquanto falava no Code Conference, promovido pelo Recode. No entanto, quando a política foi lançada, a companhia disse: “essas são questões complicadas, e nós vamos continuar a revisar nossa política de conteúdo de ódio e conduta odiosa. Nós cometeremos alguns erros, aprendemos com eles e vamos sempre ouvir vocês…”
Com 170 milhões de usuários, o Spotify é frequentemente creditado por ajudar a ressuscitar a indústria da música, mas esse erro público mostra que a empresa ainda está comprometida com seus fornecedores: as grandes gravadoras.
Imagem do topo por Ilya S. Savenok/Getty Images