Por que é extremamente raro um furacão atingir o Brasil?
A posição privilegiada do Brasil no planeta dificulta que o país seja atingido por furacão. Isso pode até ser senso comum, mas você sabe porque isso acontece?
Furacões, tufões e ciclones são o mesmo nome para as tempestades que acontecem quando o ar quente e úmido se transforma em uma grande turbina giratória em cima dos mares nas extensões tropicais do planeta.
O ar encontra a superfície do mar quente (a partir de 26ºC), o que faz com que ele suba e esfrie, formando assim nuvens e trovoadas. Essa ascensão do ar também causa a formação de uma “bolsa” de baixa pressão, que é o que faz com que o ar entre na parte de baixo e crie o redemoinho.
Apesar de ser assim em todo lugar do mundo, os furacões nunca se aproximam da linha do equador, e nem sequer o atravessam. Isso é no mínimo curioso, porque as águas dessa região costumam ser mais quentes do que em outras partes do mundo.
Mas tem explicação. Quem dita a direção do vento e a rotação dos furacões é a força de Coriolis, a rotação inercial de um objeto causada pela rotação da Terra.
No hemisfério norte, o movimento do planeta puxa o ar no sentido anti-horário, o que resulta em furações nessa direção. Já no hemisfério sul, acontece o contrário: os furacões giram no sentido horário.
Linha do equador é o limite
Apesar dos furacões prosperarem em águas tropicais mais quentes, eles raramente se formam a menos de 300 quilômetros da linha do equador. E isso é assim porque não existe efeito Coriolis nessa região.
Isso significa que as tempestades dificilmente – para não dizer raramente – não “girar” de forma que se transformem em um furacão. Da mesma forma, esses ventos não vão cruzar a linha do equador porque, para isso, precisariam parar de girar, inverter a direção e girar ao contrário para continuar seu caminho.
Além da proximidade com a Linha do Equador, as águas oceânicas do Brasil, mesmo as do litoral nordestino, não chegam à temperatura média de 26ºC. E é por isso que não temos furacão no Brasil.
O mais perto que chegamos foi de um ciclone tropical que atingiu Santa Catarina em 2004, e deixou cerca de 30 mil desabrigados. Outro caso raro, mas que não atingiu o Brasil, foi o tufão Vamei, que em 2003 se formou a 150 km do norte da linha do equador – uma exceção que acontece menos de uma vez a cada 100 anos.
O professor de meteorologia da Universidade do Havaí, Gary Barnes, afirmou que é “teoricamente possível” que um furacão supere esse limite um dia. Ou seja, que uma tempestade seja forte o suficiente para ganhar força de Coriolis e avançar para o equador. Mas, segundo ele, até hoje não existiu um exemplo de que isso tenha ocorrido no mundo real.
Você sabia?
Furacão, ciclone e tufão são o mesmo fenômeno. O nome muda dependendo de onde ocorrem no planeta. Veja:
- Furacão: tempestades no Atlântico Norte e nordeste do Pacífico
- Tufão: Pacífico Ocidental
- Ciclone: Oceano Índico